Uganda: Os produtores de café são os maiores perdedores

Por: 04/09 10:36 - Centro de Inteligência do Café

Os produtores de café em Uganda sofrem com uma relação comercial injusta com a Europa, mesmo apesar de seus grãos produzirem um dos melhores cafés do mundo, disse o grupo responsável pela indústria de café ugandense.


“O maior perdedor é a pessoa diretamente envolvida na produção do grão,” diz Henry Ngabirano, diretor da Autoridade para o Desenvolvimento do Café de Uganda. Além disso, os produtores ugandenses ficam com uma “parcela desigual da receita gerada pelo café”.



Os cafeicultores e exportadores ugandenses recebem em conjunto 6% do preço final do produto, de acordo com a Autoridade para o Desenvolvimento do Café de Uganda. “Isto mostra o nível de exploração que existe”, disse Ngabirano.



Os produtores de Uganda enfrentam vários desafios, incluindo a carência de empréstimos bancários ou subsídios do governo. “O que nos falta é apoio”, diz Ronald Buule, cafeicultor. “Os produtores trabalham muito, mas geram pouco dinheiro”. Muitos cafeicultores são forçados a diversificar a produção, plantando cacau, mandioca, banana, laranja e baunilha ou até mesmo criando aves domésticas.



“É uma pena” que as marcas de varejo do café não sejam possuídas pelas companhias ugandenses, pois a matéria-prima é comprada do país, disse Ngabirano. O presidente de Uganda, Yoweri Museveni, disse que seu país só se desenvolverá quando produzidor seus próprios produtos acabados ao invés de apenas vender matéria-prima.



O pendente acordo de parceria econômica (EPA) entre a União Européia e os países em desenvolvimento irá explorar ainda mais os produtores, disse Ngabirano. Os EPAs exigem que 77 países da África, do Pacífico e do Caribe ofereçam acesso de mercado recíproco aos seus parceiros comerciais da União Européia.



“Os EPAs teriam sido melhores se os países europeus removessem os subsídios sobre suas indústrias domésticas de café,” disse Ngabirano, acrescentando que uma vez que Uganda é um produtor de baixo custo, “não haveria competição”. Ele diz, “se a União Européia está realmente modernizando o comércio, eles deveriam tocar no assunto dos subsídios.”



Para complicar ainda mais, Uganda está enfrentando barreiras não tarifárias potencialmente prejudiciais da União Européia. Alguns conservadores europeus dizem que o transporte de produtos pelo ar para serem vendidos em outros países aumenta a poluição e é, consequentemente, ruim para o meio ambiente.



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Adaptação: Centro de Inteligência do Café


 

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