Turismo, agronegócio e os entraves da microrregião Cinturão Caparaó no desenvolvimento sustentável

Por: 30/05/2007 15:09:08 - Redação Gazeta Rádios e Internet







30/05/2007 15:09:08 – Redação Gazeta Rádios e Internet


DÉBORA MILKE
dmilke@redegazeta.com.br








Pedra Menina, localizada dentro da área do Parque Nacional, a 30 km da sede. Dependendo do ângulo, esta formação rochosa parece uma mulher | Foto: Sérgio Cardoso
O turismo de passeio é um dos setores econômicos de maior possibilidade de crescimento no Cinturão Caparaó, microrregião ao Sul do Espírito Santo que engloba 11 municípios com atrações como cachoeiras, rios, lagos, vales e trilhas na mata. O destaque é o Parque Nacional do Caparaó, localizado na divisa do Estado com Minas Gerais. São mais de 31 mil hectares nos quais é possível encontrar espécies vegetais como quaresmeiras, palmeiras, jequitibás, bromélias, ipês, orquídeas e animais como a capivara, além de muitas aves, sem esquecer, é claro, do Pico da Bandeira. Uma região de beleza indiscutível, mas que por anos foi esquecida quanto a projetos de desenvolvimento e infra-estrutura.

O Cinturão Caparaó faz parte do projeto A Força do Espírito Santo, realizado pela Rede Gazeta, que tem o objetivo o fortalecimento da identidade capixaba e o desenvolvimento dos municípios, com foco nas microrregiões administrativas e aspectos social, econômico e cultural. O projeto mostra as potencialidades de cada uma das 11 microrregiões do Estado e a rede de cidades que as compõem, traçando um painel do presente e apontando as perspectivas para o futuro do Espírito Santo.

Num esforço para desenvolver ações na região do Caparaó, almejando o desenvolvimento sustentável, foi criado em 1995 o Consórcio do Caparaó, formado por Organizações Não-Governamentais. A secretária executiva do Consórcio, Dalva Ringuier, lembrou que uma das principais conquistas para a região foi a construção do novo acesso ao Parque pelo lado capixaba, que antes só podia ser feito por Minas Gerais.

“O Parque Nacional do Caparaó fica 78% no Espírito Santo e o pico da Bandeira fica também no Estado, no município de Ibitirama. E até fazer esse trabalho de consorciar e reunir os municípios, o acesso era feito por Minas Gerais, e lá só está 22% do Parque. Com este trabalho [acesso pela portaria capixaba] que nós fizemos conseguimos mostrar para o Estado do Espírito Santo o potencial de desenvolvimento turístico, de meio ambiente, de riquezas naturais e de desenvolvimento econômico da região através da abertura da portaria capixaba, que hoje já exige um fluxo de mais de 30 mil turistas na região. É a região que tem o melhor PIB do Estado e que foi esquecida por muito tempo”, disse.








Vista do Parque Nacional do Caparaó no
lado capixaba | Foto: Sérgio Cardoso

A secretária executiva ressalta também um ponto econômico da região após as obras de desenvolvimento de estradas. Antes, segundo ela, não havia pousadas no entorno do Caparaó. Hoje, obras de infra-estrutura nos municípios de Ibatiba, Muniz Freire, Irupi, Dores do Rio Preto e São José do Calçado já propiciaram 22 novos estabelecimentos entre pousadas e hotéis para atender a demanda de turistas que tende a superar 30 mil pessoas por ano.

“Estamos com cerca de cinco municípios com estradas iniciadas. Uma delas é a de Dores do Rio Preto até o parque. Uma parte está pronta e a outra deve ser finalizada nos próximos 60 dias. Os municípios de Ibatiba, Muniz Freire, Irupi e São José do Calçado já receberam investimento em estrada e inclusive já foram inauguradas. Iniciamos agora com parcerias outro projeto para tratar o lixo de todos os municípios da região e, paralelo a isso, já estamos projetando a Estrada Parque, que é a estrada que vai ligar a BR 262
até a portaria capixaba do Parque Nacional do Caparaó”, contou.

Embora os municípios consorciados, entre eles Guaçuí, Alegre, Iúna, Divino de São Lourenço e Jerônimo Monteiro, lutem por um desenvolvimento econômico sustentável, uma questão política pode estar atrapalhando a caminhada por um Caparaó melhor. Segundo Dalva Ringuier, tantos projetos em prol da região batem de frente com um outro entrave: a gestão do Parque Nacional do Caparaó.

“O nosso grande problema com o Parque hoje se chama gestão. A gestão administrativa do Parque ainda é feita pelo Ibama de Minas Gerais e nós temos alguns entraves com a portaria capixaba. Não existe um incentivo da administração do Parque de MG para melhorar o atendimento do lado do Espírito Santo. O nosso lado aqui tem muito mais potencialidade em termo de belezas naturais e de atrativos do que o de Minas Gerais. Não temos 10% da estrutura que existe na portaria de Minas Gerais. Para melhorar, tem que vir ação da gerência do Ibama para que a administração do parque no lado capixaba seja feito pelo Ibama do Espírito Santo. Queremos uma administração da portaria para que tenhamos
acesso direto e não enfrentar este tipo de burocracia”, desabafou.








Em São José do Calçado, por exemplo,
a produção anual de café arábica é de
35 mil sacas, e a de café conilon,
8 mil sacas | Foto: Incaper

Entraves à parte, a região do Caparaó desponta em outro setor além do turismo: o agronegócio. A principal atividade da região é o café e a pecuária leiteira, com destaque para a psicultura que vem se desenvolvendo na região com grande potencial de se tornar também uma das principais atividades. O setor agropecuário do município de Dores do Rio Preto, por exemplo, possui elevada importância econômica para a região, porém, a dependência do café arábica e a ausência da agroindústria dificultam uma melhor performance.

O Cinturão Caparaó possui potencial para a prática da silvicultura e da aqüicultura e apresenta opções de investimentos em atividades de clima mais frio, como cultivo de flores, morango e pêssego. A indústria alimentícia ganha espaço com a fabricação de doces caseiros e de bebidas. O artesanato rural também pode ser destacado, principalmente pelo fato de os moradores defenderem com orgulho a região que se desenvolve em ritmo acelerado nos últimos anos e tende a ser uma das grandes potências de turismo e agronegócio do Espírito Santo.









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