Edital previa gasto anual de até R$ 1,3 milhão com aquisição. Pregão seria realizado no começo da tarde desta quinta-feira (22).
O Tribunal de Justiça de Santa Catarina suspendeu a licitação para compra de café gourmet, prevista em edital que seria publicado na quarta-feira (21). O pregão estava marcado para esta quinta-feira, às 13h, pela internet, conforme mostrou o Jornal do Almoço. O edital previa gasto anual de até R$ 1,3 milhão com a compra do produto. O Tribunal pretende fazer o novo pregão ainda neste mês.
Segundo o TJSC, o pregão foi adiado numa decisão tomada na segunda-feria (19), porque um dos concorrentes teria sugerido autorizar a entrega em pacotes de 250 gramas, e não só de 500 gramas. Assim, mais empresas podem participar, aumentando a concorrência e otimizando o dinheiro público.
Pelo pregão suspenso o pagamento pelo quilo de café pode ser de até R$ 31,11, preço médio definido depois de uma pesquisa com os fornecedores. Pelo edital, com a quantidade de produto que seria adquirida daria para encher duas xícaras e meia de café por dia pra cada um dos 13 mil funcionários do TJSC no estado.
Há sete anos juízes, desembargadores e outros funcionários do Tribunal tomam café de graça e só do tipo gourmet, considerado o mais nobre do mercado. No site da marca que hoje fornece para o TJSC, o quilo custa três vezes mais. O órgão afirma que só compra este tipo porque o tradicional é composto por mistura de outros cereais, como milho. Segundo eles, estes ingredientes mais baratos encorpam o café, mas adulteram o aroma e o sabor.
Em nota, o Tribunal argumentou que o fornecimento de café aos servidores, magistrados e usuários passou por otimização, com a colocação de garrafas térmicas nos corredores e limitação do horário de fornecimento.
A Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) corrigiu o Judiciário. Mandou uma nota dizendo que 90% do café consumido hoje é tradicional, e garantindo que pelo menos 690 marcas desta categoria no mercado têm qualidade aceitável e custo acessível, sem qualquer adição de cereais. Informou ainda que costuma fazer análises em laboratório e denunciar as fraudes, que são severamente punidas pela entidade com a exclusão da empresa do quadro de associados e as marcas denunciadas aos órgãos de defesa do consumidor.