Trégua no exterior permite queda do dólar a R$1,826

27/05/2010 – 17h57
Trégua no exterior permite queda do dólar a R$1,826


Por Silvio Cascione


SÃO PAULO (Reuters) – Uma demonstração de confiança da China na resolução da crise europeia permitiu a queda de mais de 2 por cento do dólar frente ao real nesta quinta-feira.


A moeda norte-americana terminou a 1,826 real, em baixa de 2,3 por cento. É a maior queda diária do dólar desde 10 de maio, quando o mercado repercutiu o trilionário plano de ajuda da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI) à zona do euro.


No mês, a divisa acumula agora alta de 5,06 por cento. No ano, a valorização é de 4,76 por cento.


O otimismo no mercado global foi estimulado pela China, que reiterou a importância da Europa para aplicação de suas reservas internacionais. Na véspera, o Financial Times havia publicado que o país estava repensando o investimento das reservas em bônus em euros.


O principal índice da bolsa brasileira subia mais 3 por cento no fim da tarde. O euro avançava mais de 1 por cento, acima de 1,23 dólar, e o índice Reuters-Jefferies de commodities tinha alta de quase 2 por cento.


A queda abrupta da moeda norte-americana favorece investidores com posições vendidas na moeda norte-americana, como os bancos, que tinham cerca de 10 bilhões de dólares em vendas líquidas nos mercados futuro e de cupom cambial na BM&FBovespa até quinta-feira.


Essas posições ganham relevância conforme se aproxima a rolagem de contratos futuros, no fim do mês. Na segunda-feira, dia 31, é feriado nos Estados Unidos, e a liquidez será menor no mercado internacional.


Na outra ponta estão principalmente estrangeiros, com 4 bilhões de dólares em posições compradas, e investidores institucionais nacionais, com 4,5 bilhões de dólares em compras líquidas, segundo a BM&FBovespa.


\”Amanhã já vai ser uma guerra de Ptax muito forte\”, disse João Medeiros, diretor da corretora Pioneer, em referência à taxa usada como referência para a liquidação dos contratos.


Para analistas do banco francês BNP Paribas, \”não há razão para esperar que a volatilidade diminua no curto prazo\”. \”Vamos continuar a basear nossas estratégias em uma visão de médio prazo\”, escreveram em relatório.

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