Transgênico da Monsanto abre espaço para a Bayer

6 de janeiro de 2010 | Sem comentários Biotecnologia Tecnologias
Por: BRASIL ECONÔMICO

06/01/2010  – Química alemã planeja triplicar vendas de herbicida contra ervas daninhas que atacam soja modificada da concorrente



Luiz Silveira
lsilveira@brasileconomico.com.br



A Bayer pretende multiplicar por três as vendas de seus herbicidas à base de glufosinato de amônio no Brasil, em 2010. A meta casa com o aumento dos ataques de ervas daninhas às plantações de soja transgênica.


A única soja geneticamente modificada plantada comercialmente em solo brasileiro é a RoundupReady da Monsanto, que é tolerante a outro herbicida, o glifosato. “O glufosinato funciona perfeitamente para as ervas resistentes ao glifosato, e estamos vendendo muito nos Estados Unidos por conta disso”, diz o diretor de operações da Bayer CropScience no Brasil, Gerhard Bohne.


Até há pouco tempo, a substância patenteada pela Bayer era o patinho feio dos herbicidas modernos. Agora, com cada vez mais espaço para o seu produto, a companhia alemã volta a apostar na soja transgênica tolerante ao glufosinato, chamada comercialmente de LibertyLink.


“Quando compramos a Aventis, que possuía essa linha de produtos, ela parecia que não ia decolar, porque ninguém esperava que a resistência das ervas ao glifosato apareceria tão rapidamente”, recorda Bohne.


Os herbicidas são usados para controlar as ervas daninhas que roubam água, nutrientes e encobrem as lavouras. Mas os herbicidas podem também matar a cultura, por isso só podem ser usados antes do nascimento das plantas comerciais. Foi por essa razão que a Monsanto criou as plantas transgênicas tolerantes ao glifosato, e a Bayer apostou nas tolerantes ao glufosinato. Essas variedades de plantas são geneticamente modificadas para resistir à ação do herbicida, permitindo que o agricultor pulverize o produto em qualquer fase da lavoura.


A Bayer, ao lado de outras companhias químicas europeias como a Basf, foi duramente criticada pela estratégia de não migrar o foco de suas divisões agrícolas para a biotecnologia – o desenvolvimento de plantas transgênicas. Foi assim que a concorrente americana Monsanto ganhou a projeção que tem hoje.



Mudança


No momento, as soluções da Bayer podem ganhar força no mercado agrícola. “Acreditamos que a biotecnologia tem limite e que no médio e longo prazos só as empresas com várias soluções combinadas vão dar certo”, diz Bohne.”As que só oferecem produtos, e não soluções, terão um trabalho duro dentro de cinco a dez anos.”


Basicamente, a biotecnologia desenvolve plantas mais difíceis de serem atacadas por pragas e ervas. Já o meio químico baseia se em pesticidas para fazer o mesmo controle.


Embora justifique estrategicamente o seu atraso em acreditar na biotecnologia, a Bayer está investindo o máximo nessa linha. Só em 2009 foram €750 milhões aplicados globalmente em pesquisas. Além disso, todo o aumento dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) será focado na área nos próximos anos.


A aposta da Bayer é que o rápido surgimento de ervas resistentes ao glifosato na soja poderá servir de exemplo para outras culturas, porque mostrou para o agricultor que é preciso fazer um rodízio dos tipos de semente transgênica ao longo dos anos para evitar o desenvolvimento de pragas resistentes. Caso a tendência se confirme, saem ganhando produtos até agora considerados menos competitivos que a família de sementes RoundupReady da Monsanto. É o caso do grupo LibertyLink.


Cresce troca de grãos por agrotóxico


Modelo de remuneração com parte da safra começou há cinco anos e ganha força no mercado


A Bayer CropScience aposta cada vez mais na venda de seus agroquímicos em troca de produtos agrícolas, e não de dinheiro. Com isso, a companhia acaba oferecendo um diferencial para o agricultor: é ela quem assume os riscos de uma queda no preço da soja ou do milho, por exemplo.


As operações começaram há cinco anos com os produtores de café, e cresceram rápido. “Mais de 10% de nosso faturamento já vêm das trocas”, calcula o diretor das operações brasileiras da Bayer CropScience, Gerhard Bohne. Agora os negócios com troca tornaramse usuais na soja e no algodão e começam a se desenvolver no milho.


Mas a estratégia exige uma mudança importante na gestão da companhia. O sistema, chamado de barter,é muito utilizado no setor de fertilizantes, sendo praticado por empresas como ADM, Bunge e Cargill. São tradings que importam e produzem os adubos e exportam os grãos recebidos em troca. Não é o caso da Bayer, que até há pouco tempo não atuava no comércio mundial de commodities agrícolas.


Vantagens


Apesar de ter que arcar com os riscos de preço dos produtos agrícolas, a Bayer ganha ao fazer o barter por três motivos: fideliza o agricultor, reduz dramaticamente a inadimplência e aumenta a previsibilidade dos recebimentos. “Praticamente não houve inadimplência nos últimos três anos”, diz Bohne.


A equipe dedicada exclusivamente às trocas já conta com 16 pessoas, e continua crescendo. L.S.


DIFERENCIAL QUE RENDE


● A Bayer CropScience oferece um diferencial ao agricultor: é ela que assume os riscos de uma queda nos preços da safra.


● Em 2009, cerca de 10% do faturamento da companhia no Brasil já foi proveniente das trocas de produtos agrícolas por defensivos agrícolas.


● O sistema, chamado barter, é muito utilizado no setor de fertilizantes e tem grandes representantes como ADM, Bunge, Cargill e Louis Dreyfus.



Quatro novos produtos por ano


Os pesados investimentos da Bayer CropScience em pesquisa e desenvolvimento (P&D) estão permitindo à companhia acelerar os lançamentos.


“Nosso objetivo é lançar três produtos por ano no Brasil, mas em 2009 foram quatro”, afirma o diretor de operações no Brasil, Gerhard Bohne.


Em 2010, a empresa vai lançar alguns produtos que considera revolucionários, e que de fato o serão se apresentarem todos os resultados esperados. Um deles é um inseticida que atua sobre o vetor do greening, uma doença sem cura que está dizimando laranjais no Brasil e na Flórida.


O produto só protegerá árvores novas, mas até agora não há no mercado um produto isolado para o controle do greening. Haverá ainda o lançamento de um novo fungicida para a ferrugem da soja, uma das principais pragas da cultura no Brasil. O produto já é usado para outras culturas e em outros países, mas só agora foi descoberto para essa finalidade. L.S.



Com o surgimento de ervas resistentes ao glifosato substância usada em herbicida da Monsanto , começa a crescer a demanda pelo uso combinado de outros produtos, como o rival da Bayer



PESQUISA


€ 750 milhões foram aplicados globalmente em biotecnologia em 2009 pela Bayer CropScience. A área é prioritária para investimentos nos próximos anos.



NOVOS PRODUTOS


10%do faturamento total da empresa alemã é investido em pesquisa e desenvolvimento, principalmente para novos produtos.

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