Trading Outspan avança em café no país

Com passos discretos, mas certeiros, a Outspan Brasil, trading de café controlada pela empresa Olam International, já figura entre as maiores exportadoras de grão verde do país, com apenas dois anos de atuação no mercado brasileiro. Com embarques estimados em 650 mil sacas de 60 quilos em 2006 a partir do Brasil, um volume 170% maior que no ano passado, a trading – uma das maiores exportadoras mundiais de café robusta – quer fazer do país sua base de exportação de café da variedade arábica para o mundo.

Em entrevista ao Valor, o presidente da Outspan Brasil, Samit Shankar Shetty, diz que a trading escolheu o país para atuar em grande escala em café arábica. “O Brasil é um dos mais importantes players do mercado e determina os preços internacionais”, afirma Shetty justificando a decisão da empresa de montar uma estrutura para café no país.

Com faturamento global de US$ 4,4 bilhões no ano-fiscal encerrado em junho deste ano e capital aberto em Cingapura desde 2005, a Olam atua em 52 países. A divisão de café da empresa responde por 12,5% do faturamento global. No Brasil, a companhia atua por meio da subsidiária Olam Brasil há quatro anos, negociando açúcar, pimenta do reino, algodão e castanha de caju.

A trading já investiu este ano no país R$ 13,5 milhões em dois armazéns de café – um em Alfenas (MG), inaugurado na semana passada, com capacidade de estocagem para 200 mil sacas de 60 quilos e giro anual de 1 milhão de sacas, e outra em Manhumirim (MG), que entrará em operação em março de 2007, com capacidade para 120 mil sacas e giro de 500 mil sacas. Os planos da empresa incluem construir um armazém também no Espírito Santo, mas ainda não há detalhamento dos investimentos, segundo Shetty.

Dados preliminares do Cecafé (Conselho dos Exportadores de café do Brasil) indicam que a Outspan pode encerrar o ano na 11ª ou 12ª posição no ranking das maiores exportadoras de café este ano. “Se a trading continuar neste ritmo, a empresa ficará entre as dez maiores exportadoras brasileiras em 2007”, lembra Guilherme Braga, diretor executivo do Cecafé.

As exportações brasileiras de café estão estimadas entre 26,5 milhões e 27 milhões de sacas para este ano, com receita de US$ 3 bilhões. Entre as maiores no ranking das exportadoras brasileiras estão a Unicafé, Tristão e ED & F Man, que desde o ano passado adotou uma postura mais agressiva para atuar no mercado brasileiro.

No mercado internacional, a Olam exporta cerca de 5 milhões de sacas anuais de café, mais de 80% do tipo robusta, segundo Shetty. Desde que entrou em operação no Brasil, com atuação efetiva em café a partir de janeiro de 2005, a empresa se estruturou para criar bases de negócios também no Peru, Honduras e Colômbia, importantes países produtores de café, para ampliar sua atuação em arábica no mundo.

Com sede em Cingapura desde 1996 – a empresa atua no mercado desde 1989 – e valor de mercado próximo a US$ 2 bilhões, a Olam International trabalha para se consolidar em alimentos no mundo.