Mônica Scaramuzzo
A tradicional trading de algodão e café no Brasil, a Eisa (Empresa Interagrícola SA), dos irmãos espanhóis Esteve, negocia uma parceria com a Carmo Coffees, da região de Carmo de Minas, um dos principais produtores de cafés especiais do país.
A trading deverá adquirir participação de 55% na empresa produtora de grãos especiais, de acordo com Jorge Esteve, um dos sócios da Eisa. O valor do negócio não foi divulgado. “Para a Eisa, essa parceria é muito importante porque nos permite entrar em mercados estratégicos, como na Costa Leste dos Estados Unidos e também no Japão”, afirmou ele.
No ano passado, a Eisa fechou parceria com a Bourbon Specialty Coffees, de Poços de Caldas (MG), que também tem seu foco em cafés especiais. A Eisa adquiriu participação de 55% na Bourbon. “Interessa ao grupo ter participação majoritária nos negócios”, afirmou Esteve.
Se concretizada a parceria com a Carmo Coffees, a Eisa deverá destinar 10% da sua comercialização de café para grãos especiais. Atualmente, a companhia comercializa cerca de 1 milhão de sacas de café de 60 quilos por safra, segundo Esteve. “Nossa comercialização de commodities não muda em nada. Teremos foco também em grãos especiais.” Com tradição em algodão, a Eisa começou a negociar café no país nos anos 60. Mas nestas últimas décadas, a trading concentrou seus negócios em grãos convencionais.
Para Jacques Pereira Carneiro, sócio-diretor da Carmo Coffees, a parceria dará maior escala aos produtores de café. A Carmo faz parte da Associação Brasileira dos Produtores de Cafés Especiais (BSCA, na sigla em inglês), entidade que reúne os produtores de cafés especiais no país. “Ganharemos também maior eficiência”, afirmou. A empresa produz entre 100 mil a 150 mil sacas de café, dependendo do desempenho da safra. Deste total, cerca de 25% são grãos especiais.
Boa parte da produção de cafés especiais do país está concentrada nas regiões produtoras de Minas Gerais e São Paulo. A oferta de grãos especiais no país oscila entre 500 mil a 1 milhão de sacas de 60 quilos, dependendo da produtividade da safra. No Brasil, os prêmios pagos pelos grãos especiais podem atingir 30% ou mesmo dobrar, dependendo da qualidade do café.
Nesta safra, a 2009/10, o país deverá colher entre 36,9 milhões e 38,8 milhões de sacas de 60 quilos de café beneficiado, de acordo com dados da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab). Em 2008/09, o país colheu por volta de 46 milhões de sacas.