São Paulo, 10 de Janeiro de 2006 – As torrefadoras de café devem aumentar os preços ao varejo em 15% no final de janeiro, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). O reajuste é produto da alta de 12% do preço do café negociado na Bolsa de Nova York, este ano, e devido à queda dos estoques mundiais do grão, que resultou em aumento das cotações da matéria-prima no mercado interno.
Considerando-se o preço médio de R$ 8,92 por quilo de café torrado e moído tradicional na cidade de São Paulo, em dezembro, a variação estimada resultará no valor de R$ 10,25, se repassada integralmente pelo varejo paulista.
“As margens das torrefadoras são muito justas, o que faz com que qualquer variação no preço da matéria-prima ultrapasse a capacidade da indústria de assimilá-la. As torrefadoras devem iniciar a revisão dos preços até o fim de janeiro”, diz o diretor-executivo da Abic, Nathan Herszkowicz. A matéria-prima representa para a indústria de 55% a 60% do custo final do café torrado e moído, de acordo com Herszkowicz. Segundo ele, a saca do café arábica tipo 8 era vendida no último dia 6 a R$ 215, em Varginha (MG), valor 26,5% maior que os R$ 170 registrados em setembro. “Cada saca de café rende 48 quilos de café torrado. Um aumento de R$ 45 no café verde implica em custo adicional de R$ 0,94 ao quilo de café torrado”, diz, destacando que as cotações do petróleo e os custos com mão-de-obra também têm impacto no preço final do torrado e moído.
No ano passado, o preço médio do produto no varejo aumentou 14,8%, para R$ 8,92. Já o café arábica bebida dura pilha batido, utilizado pelas torrefadoras para compor o blend de cafés tradicionais, aumentou entre 12% e 15%, para valor de R$ 200 a R$ 210 em 6 de janeiro, de acordo com o Escritório Carvalhaes.
A indústria elevou os preços ao varejo, gradualmente, durante o ano de 2005, mesmo no mês de março, quando as cotações do café na Bolsa de Nova York registraram os maiores patamares, chegando a 138,1 centavos de dólar por libra-peso. No mês, os preços do varejo para o consumidor aumentaram 2,8%, para R$ 8,28 por quilo. “Em março de 2005, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) ainda não havia divulgado os estoques de café e era grande a incerteza com relação ao tamanho da safra 2006/07. Hoje sabemos que a safra será pequena e que os estoques físicos estão em queda”, diz Herszkowicz. Ele ressalta que o repasse da alta da indústria para o varejo pode levar até 60 dias.
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados – Pág. 12)(Chiara Quintão)