Um recente aperto no spread entre os preços do café premium e do café amargo reduziu o incentivo para que torrefadoras aumentem a parcela de robusta em suas misturas, afirmou hoje a Organização Internacional de Café (OIC). Isso pode acabar sustentando os preços dos grãos de café arábica, de qualidade superior. “Embora a arbitragem entre o robusta e o arábica tenha diminuído nos últimos meses, a diferença entre os preços se mantém alta em termos históricos”, disse José Dauster Sette, chefe de operações na OIC. “Talvez seja mais correto falar em redução do incentivo para o aumento da parcela de robusta nas misturas do que em estímulo para a inclusão de mais arábica.” O preço do arábica ainda está re lativamente alto, disse Sette, e a oferta ainda é bem baixa, principalmente levando-se em conta os volumes exportados da Colômbia e de outros países produtores.
Mesmo assim, Sette diz que o cenário pode mudar nos próximos meses, com a entrada da produção brasileira no mercado – que deve ficar próxima de níveis recordes. No começo deste mês, a OIC disse que o Brasil deve produzir 50,6 milhões de sacas de 60 quilos na safra 2012/13, que deve começar em breve. “A maior influência sobre os preços no curto prazo serão as expectativas quanto ao tamanho da próxima safra brasileira”, disse Sette.
Mas condições climáticas adversas continuam a limitar a oferta de arábica lavado, principalmente na América Central e na Colômbia. Quanto ao café robusta, Sette afirmou que as vendas escassas do principal produtor mundi al, o Vietnã, significam que os produtores não estão sentindo a necessidade de vender imediatamente ao mercado. “Eles estão bem capitalizados por causa dos preços altos nos últimos meses”, disse. “Além disso, o café funciona como hedge contra inflação e riscos cambiais no Vietnã.”
Apesar disso, Sette disse não ver sinais de que torrefadores estejam enfrentando dificuldades para obter grãos, e isso se reflete na tendência de baixa dos preços. As informações são da Dow Jones.