São Paulo, 5 de Dezembro de 2005 – Para pesquisar a história de uma árvore, sua idade, sob que clima se desenvolveu e se é ou não portadora de doenças, até pouco tempo atrás, era preciso a recorrer a métodos invasivos. Árvores centenárias, como o Jequitibá com até 50 metros de altura, só podiam ser exploradas depois de abatidas ou mortas. Um tomógrafo portátil, desenvolvidos pela Embrapa Instrumentação Agropecuária, permite essa e outras investigações sejam feitas no campo sem molestar o vegetal. O produto é indicado para melhorar a qualidade das informações da atividade agrícola, florestal e ambiental.
A estratégia adotada por essa unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa – para que os equipamentos que desenvolve cheguem ao mercado é por meio da transferência de tecnologia para o setor privado. As licenças para produção, comercialização e o acesso a essas inovações foram concedidas por meio de contratos firmados para empresas criadas para esse fim.
Além do tomógrafo de campo, foram transferidas para essas novas empresas as tecnologias da chamada língua eletrônica (destinada a identificar a qualidade do paladar do café ou do vinho), o analisador de pureza de café em pó (para verificar a pureza do produto), além processo de aproveitamento na agricultura de lodo de esgoto e de resíduos vegetais.
O empresário Edson Minatel se encarregará de levar o tomógrafo portátil ao mercado. Em vez de comercializar o equipamento, Minatel planeja formar equipes para prestar serviços. Operar um tomógrafo exige boa qualificação, especialmente por causa do risco de contaminação por irradiação por raios gama. O equipamento pesa cerca 50 quilos e pode ser levado ao campo, explica o empresário. A dificuldade está no processamento, já que todas as informações são transferidas para um computador. A prestação de serviços garante a credibilidade do equipamento, acredita Minatel.
Além da idade e da saúde dos vegetais, o tomógrafo portátil permite a avaliação das condições do solo e a capacidade de absorção dos nutrientes pelas raízes. O empresário acredita, porém, que o maior potencial de mercado do equipamento são as prefeituras, que precisam avaliar a saúde das árvores plantadas nas ruas. O risco representado por árvores infestadas por cupins ou apodrecidas pode ser afastado por meio de um tomógrafo, lembra. O mesmo ocorre com os postes de madeira, que precisam ser constantemente examinados para não comprometer a distribuição de energia. Fabricantes de produtos de madeira, como móveis ou lápis também são clientes potenciais.
O tomógrafo, consagrado na medicina, é um produto inédito como instrumento agrícola, informa o pesquisador João Naime, responsável pelo desenvolvimento do produto.
kicker: Embrapa transfere para a iniciativa privada licença de comercialização de equipamentos de alta tecnologia
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados – Pág. 12)(Isabel Dias de Aguiar)