Tesouro nacional não repassa verba para Conab pagar opções de café

10 de janeiro de 2010 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado

Armazém da Conab de Campos AltosConab aguarda o repasse do tesouro para efetuar o pagamento das opções de café. Mais de um mês após a venda das sacas do produto ao Governo, e a grande maioria dos cafeicultores ainda não receberam sequer um centavo.


Se não bastassem as dificuldades enfrentadas, pelos cafeicultores, como os preços do café abaixo do preço de produção, o governo querendo ameaçar os produtores com a turma dos direitos humanos.


Agora, o Tesouro Nacional, parece não querer liberar a verba do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), que foi aprovada pelo Projeto de Lei (PLN) 079/2009, para o pagamento de cerca de 2 mil cafeicultores que venderam o café para o governo via o leilão de opções.


A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), reconhece a falta de pagamento e disse aguardar o repasse do tesouro para efetuar os últimos pagamentos. O Órgão informou ainda que problemas de ordem burocrática acabaram desencadeando o problema.


Leilão, ocorrido no ano passado, teve participação de pelo menos 2 mil produtores de café de todo o país. Estimativa é de que somente em Minas Gerais eles tenham sido aproximadamente 1,5 mil.


Até agora, Conab pagou cerca de R$ 10 milhões aos cafeicultores e diz ter ainda cerca de R$ 135 milhões a pagar. Esta última quantia, de acordo com o superintendente de operações comerciais do órgão, João Paulo Moraes Filho, ainda não havia sido liberada pelo Tesouro, o que ocorrerá até segunda-feira(11).


Ontem, em nota, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento informou que já repassou R$ 300 milhões para o pagamento da compra de café.


Governo atrasa pagamento de café e deixa 1,5 mil produtores endividados


Era para ser um negócio seguro e que serviria para manter os preços do café no mercado. Mas, mais de um mês após a venda das sacas do produto ao Governo, cafeicultores de Garça ainda não receberam sequer um centavo relativo à transação. Pagamento era para ter acontecido no dia 15 do mês passado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).


Além da falta do pagamento, que varia entre R$ 30 mil e R$ 120 mil produtores ainda acumulam dívidas bancárias, trabalhistas e comerciais (de insumos) que têm prazos vencendo em janeiro.


“Não recebemos e não podemos vender para outra pessoa, mas as nossas dívidas estão aí, vencendo. E temos de arrumar um modo de pagá-las, mesmo que o Governo não esteja nos pagando”, lamenta Paulo Renato de Souza, 76 anos.


Ele, que comercializou 400 sacas de café tem R$ 120 mil para receber. Dinheiro é para pagar os empréstimos que fez para a plantação e quitar dívidas dos insumos necessários para o cultivo do café. “E até agora, nada. Nenhuma explicação oficial”.


Em Campos Altos onde foram entregues a Conab, cerca de 68.000 sacas de café, segundo o cafeicultor Ricardo Macedo, “apenas três ou quatro produtores receberam, os demais 1200 associados da cooperativa agropecuária e do Sindicato Rural, não tem para quem reclamar, lamenta Ricardo”.


Assim como ele, no mínimo outros 1,5 mil cafeicultores, principalmente de Minas Gerais, enfrentam a mesma situação, segundo a própria Conab. Órgão reconhece problema e diz que questão foi “burocrática”, mas que dinheiro será liberado até segunda-feira.


Cafeicultores têm dívidas bancárias e de insumos



O pagamento da venda do café era esperado pelos produtores principalmente para saldar as dívidas feitas para o plantio e cuidados do cafezal.


“Já deixei de pagar o custeio junto ao banco porque o dinheiro não entra na conta”, explica um cafeicultor que preferiu ser identificado apenas pelas iniciais N.A. “Estamos sendo penalizados, temos compromissos e não podemos honrar”. Pela venda de 300 sacas ele receberia cerca de R$ 90 mil.


Outro que também foi prejudicado pela venda de café ao Governo é o produtor Wilson Lopes. Cafeicultor vendeu pouco mais de 100 sacas de café e tem mais de R$ 30 mil para receber, que servirão para os compromissos, assim como os outros cafeicultores.


“É uma situação complicada. A intenção era de que o preço do café fosse mantido no mercado, mas com essa situação, as coisas só pioraram”. Com informações da Conab, Diário de Marília e News Cafeicultura.

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