14/03/2013
Pierre Vilela: preços das terras disponíveis em Minas continuarão em alta
MICHELLE VALVERDE
O crescimento do agronegócio mineiro registrado nos últimos 10 anos contribuiu para a valorização expressiva dos preços pagos pelas terras agricultáveis no Estado. De acordo análise da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), após avaliar estudos encomendados à FNP Consultoria, entre 2002 e 2012, o Índice de Preços de Terras (IPT-MG) acumulou valorização de 530%. A tendência é de novas valorizações.
De acordo com o coordenador da Assessoria Técnica da Faemg, Pierre Santos Vilela, o IPT é um importante indicador do desempenho do agronegócio mineiro. Isso pela valorização da terra acompanhar o desenvolvimento da produção agrícola, com variação bastante proporcional.
“O que percebemos ao longo da ultima década é que a valorização das terras acompanhou o crescimento do agronegócio de Minas. Entre 2002 e 2007, período em que a produção agropecuária estava equilibrada com a demanda mundial e os preços das commodities baixos, a pressão sobre os preços foi pequena. Já a partir de 2008, quando os países em crescimento, como a China, Rússia e Índia, ampliaram a demanda e os estoques mundiais foram reduzidos, os preços das commodities foram alavancados e conseqüentemente houve fortes reajustes nos preços das terras”, avalia Vilela.
No ano passado, devido às boas cotações dos principais produtos cultivados em Minas Gerais, como o milho, soja, cana-de-açúcar e café, a valorização das terras foi de 17%. A tendência, segundo o técnico da Faemg, é de manutenção do cenário de alta.
Alimentos – “A demanda crescente por alimentos, as boas perspectivas em relação à safra de grãos e a redução das áreas agricultáveis são fatores que irão contribuir para que os preços das terras disponíveis neste ano continuem com tendência de alta”, avalia. Segundo Vilela, nos próximos anos, com a implantação das novas regras do novo Código Florestal, além da maior concorrência com outras atividades, os preços pagaos pelas terras agrícolas deve ser bem maior.
“A concorrência com atividades como a mineração, por exemplo, associada às novas regras ambientais, que determina a recomposição das florestas, irá limitar as áreas disponíveis provocando novas altas nessas terras”, diz.
De acordo com a Faemg, a região que registrou maior valorização de terras agricultáveis em Minas Gerais, na última década, foi o Vale do Rio Doce, com alta de 670%. Nessa localidade, a agricultura diversificada, a pecuária e as áreas destinadas ao reflorestamento contribuíram para a valorização significativa dos terrenos.
Alta também foi observada no Alto Paranaíba, 310%, seguido pelo Triângulo Mineiro, com incremento de 290%. Nessas regiões, a produção de grãos, como o milho e a soja, e o aumento da área plantada de cana-de-açúcar justificam o aumento. Já no Norte do Estado a alta verificada nos preços das terras foi de 240%; e na região Central de 117%. A primeira impactada pela forte estiagem e a segunda pela forte atividade minerária.
Já nas áreas ocupadas com florestas nativas ou de reflorestamento a valorização das terras também é crescente, apesar dos preços mais baixos. No Sul de Minas cresceu 980%; no norte-mineiro, 1.666% e no Alto Paranaíba 890%.
Em 2012, o preço médio pago pelas terras voltadas para a agricultura em Minas Gerais ficou em R$ 8,9 mil por hectare. As áreas destinadas à pecuária de leite e de corte foram avaliadas em média a R$ 4,7 mil por hectare e as de florestas a R$ 1,9 mil por hectare.