Com o fim da paralisação, cargas agrícolas em portos, aeroportos e fronteiras voltam a ser inspecionadas
Fabíola Salvador
Depois de mais de uma semana de espera, os Ministérios da Agricultura e da Fazenda oficializaram no fim da tarde de ontem a proposta para reajuste salarial dos fiscais federais agropecuários e a categoria resolveu encerrar a paralisação, iniciada no dia 28 de agosto. Em nota, a Associação Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (Anffa) informou que a categoria voltaria a inspecionar as cargas agrícolas que transitam nos portos, aeroportos e fronteiras do País a partir das 20 horas de ontem.
Com a retomada dos trabalhos, os fiscais encerram uma greve que durou quase um mês. Durante as negociações com o governo, os fiscais cruzaram os braços por três vezes, mas aceitaram voltar ao trabalho como forma de alavancar as negociações com o governo.
Segundo o acordo ratificado ontem, os fiscais com salários mais altos terão reajuste de 20,3%, divididos em duas parcelas a serem pagas em 2008 e 2009. A carreira de fiscal tem 13 níveis de remuneração. Os aposentados e pensionistas devem receber metade do reajuste.
A reivindicação inicial dos fiscais era de reajuste de 45%, mas a proposta foi rejeitada pelo governo. Em nota, o Ministério da Agricultura informou que, ao final da greve, ficou definido que os fiscais vão compensar o período parado, mas não há detalhes sobre a compensação. A Anffa também não divulgou estimativas de prejuízo.
DUAS SEMANAS
Em Santos, o vice-presidente do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), José Roque, disse ontem que, com os fiscais agropecuários voltando ao trabalho amanhã, a situação do porto deverá se regularizar em duas semanas.
Com eles trabalhando a toda capacidade, em mutirão, acho que vão demorar uns 15 dias para colocar a casa em ordem, disse Roque. A projeção foi feita considerando a atual situação de lotação dos terminais portuários, apesar de o Sindamar não ter recebido a informação oficial do fim da greve.
De acordo com Roque, desde 28 de agosto, quando a paralisação da categoria foi retomada e os fiscais passaram a trabalhar com 60% do efetivo, os prejuízos no Porto de Santos chegaram a US$ 2 milhões. Isso, com a demora na inspeção dos porões dos navios graneleiros e com a coleta de amostras. Segundo ele, há 2 mil contêineres de importação represados nos terminais de Santos, que continuam, em média, com 90% da capacidade ocupada. E esse prejuízo é do importador que fica pagando estadia.
COLABOROU REJANE LIMA