O Departamento de Desenvolvimento Técnico da Cooxupé – Cooperativa Regional dos Cafeicultores em Guaxupé, afirma que as últimas chuvas na área de ação da cooperativa aconteceram no último decêndio do mês de setembro.
Com isso, as lavouras, até então submetidas a um intenso stress hídrico e térmico, responderam ao estímulo provocado pelas águas com a abertura de uma grande florada, apontada pela Cooxupé como a principal.
Ainda de acordo com o Departamento, esta florada, responsável pelo potencial produtivo do próximo ano, começou no mês de outubro onde a cooperativa atua, e a realidade chamou bastante a atenção: as altas temperaturas e a falta de chuvas prenunciam que 2018, ano de bienalidade alta, ainda será, por enquanto, um ano de safra alta, no entanto o potencial produtivo sinalizado por esta grande florada deverá ter o seu volume comprometido.
Esta mesma situação aconteceu na área de ação da Cooxupé, em 2007, quando as altas temperaturas castigaram o período de florada, impactando no desempenho das lavouras em 2008, ano também de bienalidade alta.
O Departamento de Desenvolvimento Técnico da cooperativa ainda explica que as temperaturas elevadas acompanhadas de déficit hídrico acentuado durante a florada, além de comprometerem a estrutura do botão floral (formação de flores anormais), reduzem o índice de pegamento e podem, até mesmo, provocar a queda dos chumbinhos recém formados. Este fato pode ter o seu efeito aumentado se as lavouras apresentarem alto índice de desfolha.
Segundo Éder Ribeiro dos Santos, coordenador de Geoprocessamento da Cooxupé, em algumas regiões da área de ação da cooperativa esta já é a segunda florada, mas, provavelmente, será a mais importante. Ele conta que em alguns municípios, entre os dias 16 e 18/09 ocorreram chuvas de baixo volume que estimularam a abertura de uma florada de baixa intensidade, em torno de 20% do potencial de florescimento, no final do mês de setembro.
Contudo, mesmo esta florada teve o seu pegamento comprometido pelas condições adversas do tempo. “Estamos preocupados não só com as altas temperaturas médias que estão sendo observadas durante o florescimento, mas com falta de continuidade das chuvas que foram responsáveis pela abertura da florada; com os termômetros registrando temperaturas máximas acima de 32 graus, com relatos de 37 e 38 graus em algumas regiões; com o índice de desfolha que está aumentando; com o déficit hídrico que continua elevado e, consequentemente, com a baixa disponibilidade de água no solo para os cafeeiros”, pontua Éder. “Acreditamos que todos estes fatores impactarão negativamente na próxima safra. O tamanho do impacto dependerá da intensidade destes fatores em cada região”, acrescenta.
O gerente do Departamento de Desenvolvimento Técnico da Cooxupé, Mário Ferraz, afirma que apesar de 2018 ser bienalidade alta, o momento é de cautela. “Ainda não temos condições de falar qual será o tamanho da safra, mas já podemos adiantar que há grandes chances dela não chegar à grandeza que esperávamos por conta dessas adversidades que estamos presenciando”, explica.