Delegação de Angola e o chefe geral da Embrapa Café, Aymbiré Fonseca.
Segundo informações da jornalista Jurema Campos, assessora da Embrapa Café, o vice-ministro da Agricultura de Angola, Zacarias Sambeny, em visita ao Brasil nesta semana, disse que pretende usar a experiência brasileira com a pesquisa em café na reestruturação da cafeicultura de seu país. A afirmação foi feita durante reunião com o gerente geral da Embrapa Café, Aymbiré Fonseca, em Brasília (DF), no último dia 16.
A autoridade angolana comentou que o café é uma cultura importante na busca da geração de renda aos agricultores familiares que perderam tudo na guerra que assolou o país africano por vários anos. Conforme ele, a produção de café realizada antes da guerra estava localizada exatamente na área de conflito e os agricultores, após o início da guerra, concentraram seus esforços na produção de alimentos. Hoje, porém, o interesse de Angola é buscar, além de cultivar alimentos, produzir culturas que gerem renda ao pequeno produtor, que responde pela maioria dos agricultores do País.
De acordo com Aymbiré, o Brasil possui várias tecnologias voltadas para a pequena agricultura, já que a maioria dos produtores brasileiros de café é também agricultor familiar, e se colocou à disposição para “participar dos esforços necessários a fim de desenvolver as atividades de colaboração que forem ajustadas entre a direção da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e os representantes de Angola”.
O principal interesse da delegação africana foi com relação à produção de café conillon, especialmente em áreas acidentadas, já que Angola possui clima e solos com características semelhantes às regiões brasileiras produtoras dessa espécie de café. Contudo, o vice-ministro afirmou que seu país necessita da ajuda brasileira para a estruturação de toda a cadeia do café.
A delegação se mostrou interessada, ainda, nos materiais genéticos existentes no banco de germoplasma do IAC (Instituto Agronômico de Campinas) devido à possibilidade de utilização de espécies trazidas da África para o melhoramento genético do café angolano.
A reunião teve como resultado o convite da delegação angolana para que Aymbiré Fonseca participe, no final do mês de maio, naquele país, de um workshop sobre a pesquisa em café. Além disso, a Embrapa Café também foi convidada a participar de uma missão em Angola para os necessários conhecimento e identificação dos fatores limitadores ao desenvolvimento da cafeicultura, de forma a colaborar na estruturação de um projeto de apoio àquele país.
Sambeny esteve no Brasil durante toda esta semana em visita à Embrapa, quando foi recebido, juntamente com o diretor geral do IIA (Instituto de Investigação Agronômica de Angola), João Ferreira da Costa Neto, pelo diretor presidente da empresa, Silvio Crestana. Também esteve presente à reunião da delegação estrangeira com a diretoria da Embrapa o reitor da UFV (Universidade Federal de Viçosa), Luiz Cláudio Costa. Na ocasião, os dirigentes brasileiros reforçaram aos representantes angolanos a disposição de ambas as instituições em cooperarem com recursos humanos à reestruturação daquele instituto de investigação.