Tecnologia aumenta a qualidade do café

Estudo da Embrapa confirma ganho de cerca de 15% se o grão for submetido a uma ausência extrema de água

Brasília (08/08/2011) – Depois de onze anos, a Embrapa Cerrados, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, está chegando ao estágio final da pesquisa sobre o uso do estresse hídrico em café irrigado. A técnica desenvolvida consiste em deixar as plantas sem água, na condição de estresse hídrico, durante um período de 72 dias, sendo o período ideal entre 24 de junho e 4 de setembro. Nesta situação, a floração se dá de maneira uniforme e os grãos cereja aparecem ao mesmo tempo.

De acordo com o coordenador da pesquisa, o pesquisador da Embrapa Cerrados, Antônio Guerra, com a utilização desta tecnologia, foi constatado um aumento de frutos cereja superior a 50%. “Isso proporciona melhoria na qualidade do produto, tanto no aspecto físico, quanto na qualidade da bebida”. Com relação à produtividade, os ganhos chegam a 15%, “devido ao melhor enchimento de grãos e à redução de grãos defeituosos”, explica o pesquisador.

O modelo também promove a queda no custo da produção. Cerca de 35% da água e da energia necessária para irrigação são economizadas. Para Guerra, trata-se de uma ótima alternativa ao produtor. “Não há necessidade de investimento e é possível usar a água economizada para outras finalidades”, explica. O pesquisador é engenheiro agrícola e PhD em engenharia de irrigação.

Cafeicultores da Bahia, de Goiás e Minas Gerais participam da pesquisa e já utilizam a técnica. A Embrapa estima que mais de 10 mil hectares de café sejam cultivados com o método. O produtor Guy Carvalho utiliza o período de estresse hídrico há 5 anos e confirma a eficácia. “Melhorou a qualidade do nosso café e colaborou com a produtividade”, comemora.
A pesquisa foi desenvolvida por uma equipe multidisciplinar com especialistas em engenharia agrícola, fisiologia da planta, nutrição, agronomia, controle de pragas e doenças, que analisaram todos os aspetos do sistema. A Embrapa recebe apoio de universidades, produtores, empresas privadas e instituições. “O trabalho em conjunto é fundamental para que o projeto seja viabilizado”, afirma o coordenador Antônio Guerra. (Débora Bazeggio)

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