19/04/2010
O sistema de reciclagem das cápsulas de café é bom, mas ainda não facilita a vida àqueles consumidores que têm dificuldade em devolver as embalagens para ser recicladas. A opinião dos ecologistas debruça-se ainda sobre as máquinas convencionais que vão para o lixo ao serem trocadas pelas novas.
Quando em 1986 a Nestlé fundou a marca Nespresso, mudou a forma de apreciar um café em todo o mundo. Mas criaram também um \”produto insustentável\”, como classificou a Quercus. As cápsulas aumentavam os resíduos e as pessoas deitaram fora as máquinas obsoletas por troca com as novas Nespresso.
As marcas que vendem este conceito querem ser mais sustentáveis e criaram sistemas de reciclagem próprios, mas com algumas falhas, como comentou a associação ambientalista ao DN. \”Os sistemas de recolha não facilitam a vida ao consumidor. Tem de se deslocar às lojas para deitar fora as cápsulas e quem as encomenda pela Internet não se dá a esse trabalho\”, explica Carmen Lima, da Quercus.
A Nestlé e a Delta, empresas que comercializam as famosas cápsulas de café em Portugal criaram formas de tornar estes resíduos em algo ecológico. Por exemplo, as cápsulas da Nestlé são feitas de alumínio, um material infinitamente reciclável. \”O alumínio pode ser reciclado infinitamente, sem que se percam as suas qualidades.
Através deste processo, a sua reciclagem requer apenas cinco por cento da energia necessária à sua extracção\”, disse ao DN Vincent Termote, director- geral ibérico da Nespresso. Esta empresa criou, assim como a Delta, o seu próprio sistema de recolha e reciclagem das capsulas. \”Foi criada uma rede de pontos de recolha de cápsulas usadas.
Um operador logístico faz a recolha e entrega-as numa fábrica, onde é separado o alumínio da borra de café\”, diz o director-geral. Na Delta, o processo é semelhante, com a diferença do material que compõe as cápsulas, o plástico. \”As cápsulas são depositadas num moinho que as parte, iniciando o processo de separação do plástico e da borra de café. Daí, as cápsulas seguem para um processo de decantação, em que, através do uso da água, a borra é separada do plástico. Os resíduos são armazenados em locais distintos, seguindo depois para a Valnor, onde o plástico é tratado e reciclado e a borra é utilizada para compostagem\”, explicou Rui Miguel Nabeiro, administrador da Delta Cafés.
Carmen Lima mostrou-se agradada com estas alterações tomadas pelas duas empresas, mas relembra que o método antigo era mais sustentável: \”Produzir uma cápsula acarreta mais problemas ambientais do que o saco de café. Apesar de dar mais trabalho, as cafeteiras continuam a ser a solução mais ecológica, pois não produzem tantos resíduos como as cápsulas individuais, que são vendidas dentro de outras embalagens que significam mais lixo.\”
Além disso, e ainda segundo os ecologistas, o problema não se restringe só às capsulas. Há também o problema das máquinas. \”Um dos maiores problemas deste sistema é que obriga o consumidor a adquirir máquinas de café próprias para estas cápsulas\”, diz Carmen Lima. E quem quer ficar com a máquina velha a ocupar espaço em casa, quando tem uma nova? \”As pessoas começaram a deitar fora as velhas, mesmo não estando estragadas, aumentando o número de aparelhos com componentes electrónicos nas lixeiras.\”