E a nova ordem mundial, tendência para quem pensa no meio ambiente
Na família de agricultores de Potirendaba, a cafeicultura ainda mantém a história centenária, que já foi conhecida como a do “ouro verde”. Os Balsarini plantam café “desde sempre”, como define o produtor Aparecido Teodoro Balsarini. A colheita safra deste ano será encerrada ainda neste mês, com bons resultados.
Balsarini diz que a expectativa é de uma produção de mil sacas de café, com preços atrativos para um ano de dólar em alta. Ele plantou 20 mil pés de café e pretende reformar o cafezal para a próxima safra. Entre as modificações que pretende fazer na propriedade, estão previstas o plantio de algumas novas variedades de sementes e a mecanização da colheita. “A mão de obra é cara, melhor investir na colheitadeira.”
Mas com outras tecnologias nem sempre foi a mesma situação para o cafeicultor. Ele lembra que chegou a usar o sistema de irrigação para a plantação, mas depois desistiu. “O café aguenta o clima quente, mas tem que saber cuidar”. Na família do produtor rural, ele lembra que a tradição do café deve continuar pelo seu empenho. “Tenho 64 anos, sempre trabalhei com o café. Mas não é fácil, e assim como muitos produtores que investem na cana-de-açúcar, também investi. É um lucro garantido pelas usinas e isso atrai o agricultor”, diz Balsarini.
Agrofloresta
Diferente da tradição cafeeira de um século, o produtor rural e biólogo Guilherme Proietti investiu na plantação de café para dar continuidade ao trabalho no sistema agroflorestal. “É a nova ordem mundial, a tendência para quem pensa no meio ambiente. Ou você respeita os ciclos da natureza ou está fadado ao fim da monocultura”, afirma.
No sítio de 10 hectares, localizado em Nova Aliança, Guilherme plantou 250 pés de café da variedade arábica. “Fui buscar as sementes em Franca, onde encontrei mudas que se adaptam bem ao clima da nossa região.”
O manejo do café acontece sem o uso de defensivos agrícolas, segundo Guilherme, que também pretende fazer todo o beneficiamento e torrefação do café, para o resultado final com uma bebida de grão gourmet. As plantas de café estão entre as linhas de 1,5 mil árvores de eucaliptos que o produtor rural plantou há quatro anos. “É um projeto, que desenvolvi, chamado Roça Benvinda, com as plantações de uma horta e de frutas, além do café”, diz.
Um dos desafios é o de obter boas safras, mantendo os cafezais a salvo de doenças. O engenheiro agrônomo da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural e Sustentável (CDRS), que atua na Casa de Agricultura de Mirassolândia, Carlos Roberto Geraldo, explicou que o desafio das pesquisas é focado em desenvolver cultivares de café mais resistentes.
“Em uma das pesquisas do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), foram desenvolvidas variedades, como o icatu, que são mais resistentes a uma doença muito comum nos cafezais, que é a ferrugem”, diz Carlos. Ele explicou que por muito tempo o produtor rural convive com esse histórico de doenças no café, o que o leva a derrubar as plantas e investir em novos plantios.
Mas com irrigação, cuidados com o solo e pulverização de defensivos de forma preventiva é possível um plantio de café com boa produtividade, garante o engenheiro agrônomo. (CC)
Fonte: Diario da Região de São José do Rio Preto SP