DA REPORTAGEM LOCAL
Local era um dos mais atingidos pela paralisação de mais de dois meses da agência; trégua é de dez dias em todo o país
A greve de mais de dois meses de fiscais da Agência Nacional de Vigilância Sanitária no porto de Santos, litoral de São Paulo, local entre os mais atingidos pela paralisação, foi suspensa ontem. Postos de fiscalização de outros sete Estados também voltarão ao trabalho a partir de hoje, em uma trégua de dez dias anunciada pela Fenasps, federação que reúne funcionários da saúde, trabalho, previdência e assistência social.
Os locais respondem por 80% do total de cargas importadas pelo país, informou a entidade. Com a decisão, a paralisação está suspensa em todo o Brasil.
Na semana passada, havia começado uma trégua de dez dias da paralisação em outros 121 postos da Anvisa no país, controlados por outra entidade de trabalhadores, o Sinagências, que reúne funcionários das agências reguladoras federais. As unidades da capital paulista e de Guarulhos, na Grande São Paulo, já tinham voltado a trabalhar.
Segundo Paulo Sérgio Carvalho, diretor do Departamento de Vigilância Sanitária da federação, as duas entidades têm posicionamentos diferentes. A Fenasps, afirma, não aceitou dar a trégua antes porque o governo não havia ainda colocado no papel sua proposta para os trabalhadores: enviar ao Congresso um projeto de lei que oficialize nos cargos os servidores das agências que vieram de outros órgãos do governo e a abertura de uma mesa de negociação para salários. A entidade deu dez dias para que o governo cumpra as promessas. Hoje deve ocorrer uma reunião do Executivo com os trabalhadores.
Somente no último sábado a Anvisa formou uma força-tarefa para liberar as cargas retidas pelos grevistas.
Segundo o diretor da área de Portos, Aeroportos e Fronteiras da agência, Paulo Ricardo Santos Nunes, 60 funcionários foram empregados nos locais de maior estrangulamento, no Rio e em São Paulo. Até ontem, 2.624 licenças de importação tinham sido deferidas, 2.638 pré-embarques autorizados e 1.196 novos processos para a autorização da entrada de produtos abertos -os protocolos estavam fechados durante a greve. O diretor não soube informar quantos processos estão na fila.
Hospitais e outras unidades de saúde continuam a ter problemas por causa da greve. A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo confirmou ontem que continuam com estoques baixos 11 tipos de remédios, entre eles um usado para evitar rejeição em transplantes. Na Santa Casa de SP, os reagentes para testes de hepatite C, Aids e sífilis só são suficientes para dois dias. (FABIANE LEITE)