A balança comercial do agronegócio brasileiro deverá deixar, em 2005, um superávit de US$ 37,2 bilhões, ante os R$ 45 bilhões imaginados pelo governo no início do ano, segundo o Ministério da Agricultura.
superávit de US$ 37,2 bilhões, ante os R$ 45 bilhões imaginados pelo governo no
início do ano, segundo o Ministério da Agricultura. O cálculo leva em conta
exportações de US$ 42,2 bilhões e importações de US$ 5 bilhões, segundo Régis
Alimandro, coordenador-geral de Estudos Econômicos do ministério. Com base em
resultados apurados entre janeiro e outubro, a Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil (CNA) corrobora a estimativa.
Alimandro lembrou que
vários fatores contribuíram para a revisão do saldo comercial do agronegócio,
mas que ainda assim ele será o maior desde 2000. No lado das importações,
colaborou para isso a queda nos preços do trigo. No das exportações, o suporte
veio de setores como café, açúcar e
álcool e carne – neste caso, “até o advento da febre aftosa”, ressaltou. Mas
Alimandro ressaltou que as exportações de soja deixaram um resultado pior que o
esperado. “O recorde será resultado da produção, que vem crescendo de forma
dramática no Brasil”, afirmou ele durante o 7º Congresso de Agribusiness,
realizado no Rio de Janeiro.
Alimandro considera a crise deflagrada pelo
ressurgimento da aftosa no Mato Grosso do Sul, que conteve a crescente
exportação de carne bovina, “um caso clássico de economia porca” em que para
poupar alguns reais se pôs em risco milhares de dólares. No encerramento do
painel, ao ser perguntado por jornalistas de quem era a culpa pela “economia
porca”, Alimandro afirmou: “Eu me referi à lambança do caso da aftosa em que
todo mundo tem culpa. Não estou defendendo ninguém”.
A CNA concorda que a
balança comercial do agronegócio pode encerrar 2005 com um saldo positivo acima
de US$ 37 bilhões, uma vez que até outubro o superávit atingiu o novo recorde
histórico – para o intervalo – de US$ 32 bilhões, 10,3% a mais que os US$ 29
bilhões registrados nos dez primeiros meses de 2004. As exportações do setor
somaram até outubro US$ 36,2 bilhões, com um crescimento de 9,6% na mesma
comparação.
Mas a entidade faz ressalvas. Observa, por exemplo, que a
participação do agronegócio nas exportações globais do país já recuaram de 41,8%
para 37,5%. E ressalva que o novo recorde não reflete os problemas enfrentados
pela atividade rural brasileira, desde a quebra da produção de grãos na região
Sul até a crise sanitária das carnes. Para a CNA, o sinal mais evidente das
adversidades é o menor ritmo de aumento das exportações. Em 2004, o salto sobre
2003 foi de 29,5%, enquanto até outubro deste ano o aumento sobre igual
intervalo do ano passado foi de 10,3%.
Esta perda de dinamismo, conforme
reiterou a CNA, também está vinculada à queda de preços do complexo soja (grão,
farelo e óleo). Embora o volume embarcado pelo país esteja crescendo 19%, há
retração de 12% da receita com as vendas e diminuição de 15,3% nos preços
médios.
A entidade chama a atenção, ainda, para o fato de que, apesar da
aftosa, as exportações do complexo carnes continuarem em ritmo forte. Até
outubro foram embarcados U$$ 6,75 bilhões em carnes, 33,8 % a mais que em igual
intervalo de 2004 – com destaque para carnes suína e de frango. Mas os embargos
impostos por 49 países depois da confirmação da doença no Mato Grosso do Sul
deverão provocar queda de US$ 200 milhões nas vendas da carne bovina em 2005,
para US$ 3 bilhões.