Suco lidera ganhos no exterior em outubro – no acumulado no ano café lidera com 30,30%

Danos à citricultura da Flórida provocados pela passagem de furacões sustentaram as cotações No ranking dos maiores ganhos acumulados no ano , a variação do suco de laranja superou os saltos do açúcar (28,41%) e do algodão (28,38%); nos últimos doze meses

2 de novembro de 2005 | Sem comentários Comércio Exportação
Por: Mônica Scaramuzzo, Cibelle Bouças, Fernando Lopes e Conrado Loiola De São Paulo

A ampliação dos prejuízos à citricultura da Flórida provocada pela passagem de novos furacões sobre os pomares citrícolas do Estado americano em outubro fez com que as cotações médias do suco de laranja registrassem a maior valorização entre as principais commodities agrícolas transacionadas pelo Brasil no exterior no mês, conforme cálculos do Valor Data baseados no preço médio dos contratos de segunda posição de entrega de produtos negociados nas bolsas de Nova York (suco, açúcar, café, cacau e algodão) e Chicago (soja, milho e trigo).

Com os prejuízos – e expectativa de perdas – na Flórida, o suco chegou a alcançar em outubro a maior cotação desde 1998 e, em média, foi negociado por US$ 1,1010, 12,95% mais que a média de setembro. Em 2005, a alta acumulada chegou a 29,65%; nos últimos doze meses, a 29,42%. Analistas lembraram durante o mês que a tendência tem efeito limitado sobre as exportações brasileiras, uma vez que a maior parte das vendas é direcionada a clientes na Europa, mas que indiretamente pode estimular um aumento gradual dos preços dos embarques do país.

No ranking dos maiores ganhos acumulados no ano , a variação do suco de laranja superou os saltos do açúcar (28,41%) e do algodão (28,38%); nos últimos doze meses, fica abaixo apenas do café (30,30%). Os três “concorrentes” também subiram em outubro.

No caso do café, os sinais de demanda mundial superior à oferta continua sustentando os preços internacionais. “Há uma demanda firme com a chegada do inverno no Hemisfério Norte”, lembrou Alexandre Mourani, da Ágora Senior. Em outubro, a cotação média dos contratos de segunda posição alcançou US$ 1,0285 por libra-peso em Nova York, 8,40% mais que em agosto. A entrada das safras dos países centro-americanos e da Colômbia, porém, tende a pressionar o produto no médio prazo.

Já os preços do açúcar seguem firmes por conta da maior produção de álcool no Brasil e também em virtude do petróleo valorizado. Fernando Martins, da Fimat Futures, lembrou que o mercado apresentou grande volatilidade em outubro – mas, em média, os contratos de segunda posição atingiram 11,56 centavos de dólar por libra-peso, 6,93% acima de setembro. Pelo menos parte da volatilidade foi provocada pela ação de fundos de investimentos.

Os fundos ajudaram a sustentar o algodão em Nova York em outubro. Martins, da Fimat, afirmou que as exportações americanas da fibra ficaram firmes no mês passado, o que também colaborou para robustecer o mercado apesar da colheita do produto estar em curso nos EUA. Os contratos de segunda posição ficaram em 55,85 centavos de dólar por libra-peso no mês passado, 8,31% mais que em setembro. Nos últimos 12 meses, o ganho chega a 19,43%.

Das commodities agrícolas negociadas em Nova York, o cacau foi a única a recuar (2,20%) em outubro na comparação com setembro, para US$ 1.419,95 por tonelada. Mas, segundo Thomas Hartmann, da TH Consultoria, não houve grandes alterações no mercado. “Desde meados do ano os preços do cacau registram movimentos laterais devido ao equilíbrio entre produção e demanda”. Em Nova York, o cacau é a única commodity agrícola a registrar variação negativa neste ano (12,33%) e nos últimos doze meses (2,64%).

Em Chicago, o mês passado também foi pobre em surpresas, e as variações dos preços de soja, milho e trigo foram tímidas. No caso da soja, carro-chefe das exportações brasileiras do agronegócio, houve alta de 0,05% em relação a setembro, para US$ 5,8692 por bushel. “Houve pouca volatilidade, mas um fato novo importante: conforme estimativa do relatório mensal de oferta e demanda do USDA [o departamento de agricultura americano], a safra dos EUA será maior que o previsto em setembro pelo órgão, mas ainda abaixo do esperado pelo mercado”, disse Antonio Sartori, da Brasoja. No acumulado do ano, a alta chegou a 8,66%.

Para o milho, a elevação das estimativas para a produção americana em 2005/06, devido ao clima favorável, fez os preços recuarem em outubro. No mês, a cotação média baixou 0,93%, para US$ 2,1506 por bushel. No ano, a valorização chega a 2,88%, mas nos últimos doze meses há retração de 0,24%. Paulo Molinari, da Safras&Mercado, observa que a baixa, em pleno pico de colheita nos EUA, foi suavizada pela forte demanda de milho para produção de etanol. “A previsão era de uma queda maior, já que houve aumento dos estoques mundiais e há previsões de que a safra americana será maior que o estimado pelo USDA”. Ele acredita que o próximo relatório de oferta e demanda do USDA trará previsões mais gordas para safra americana e estoques finais daquele país.

No trigo, a queda da qualidade no Canadá e a demanda asiática ajudaram a sustentar as cotações , segundo Aldo Lobo, da Safras. No mês, o preço médio do trigo subiu 4,24%, para US$ 3,4907 por bushel. No ano, a valorização chega a 13,96%. “Os EUA estão segurando as vendas, aproveitando a safra ruim do Canadá, e isso está sustentando os preços”. Ele observou que a safra na Europa também teve problemas de qualidade, e que a seca na Austrália e o terremoto no Paquistão devem provocar perdas nesses países

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