Subsídios agrícolas são outro ponto de discórdia na UE

 
 INTERNACIONAL
01/07/2008
 
Subsídios agrícolas são outro ponto de discórdia na UE
 
 
Uma mesa formada por representantes dos agricultores europeus e pesquisadores de um organismo consultivo da União Européia, liberal nas questões agrícolas, dá idéia do quão controversa é a questão na política européia. O encontro entre Pekka Pesonen e Shelby Matthews, representantes dos produtores rurais, e o pesquisador Valentin Zahrnt não durou cinco minutos. Depois de ouvir a defesa dos subsídios agrícolas feita por Pesonen e Shelby, Valentin citou estudos favoráveis à abertura do comércio agrícola entre os países.


– Mesmo que houvesse uma liberalização total, 80% ou 90% dos produtos agrícolas europeus ainda estariam disponíveis – disse. – Os grandes produtores em terras férteis são os grandes beneficiados.


A essa altura, Pekka Pesonen e Shelby Matthews já tinham deixado a sala no International Press Centre do hotel Residence Palace, em Bruxelas. Antes de sair, Pesonen estendeu a mão ao colega de mesa, ensaiou um sorriso e disse: “O assunto já está muito político”.


Antes, Pesonen tinha repetido um argumento comum aos produtores. Garantiu que não era contra a concorrência.


– Não temos medo da competição. Tememos a desigualdade de condições. A Europa importa 73% da proteína que consome, a maior parte de países como Brasil, Estados Unidos e América Latina.


Quando a questão dos biocombustíveis aparece, Pesonen targiversa.


– Não decidimos se o biofuel vai ser usado ou não. Os consumidores decidem – diz. – Mas achamos que a segurança alimentar e o consumo ainda não foram discutidos. A nossa política é produzir mais para não ser tão dependente da importação.


Hoje, os produtos brasileiros mais exportados para a Europa são soja, café, com tarifas perto de 0%, ressalta Shelby. A meta européia de ter 10% dos carros movidos a etanol até 2020 deve aumentar a importação do biocombustível brasileiro. Pelo menos deveria, porque há resistências internas. Oficialmente, o principal argumento não é a suposta influência das plantações no preço dos alimentos, mas o receio de a colheita de cana-de-açúcar no Brasil avançar Amazônia adentro. (R.C.)

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