18/10/06 – Grande parte das 30 mil toneladas de café em grão que a brasileira Fazenda Ipanema fornece à rede norte-americana de cafeterias Starbucks Coffee Company, cuja primeira loja aqui será inaugurada em novembro, viajará para ser processada na Suíça e voltará ao Brasil pronta para ser consumida. Este tipo de operação, de agregação de valor no exterior, ocorre também em outros setores. Por exemplo, o minério de ferro exportado retorna como carro.
A Fazenda Ipanema é a única fornecedora brasileira de café arábica da Starbucks, que tem sede em Lausanne, Suíça. O casamento já dura 10 anos, mas a cafeteria tem outros fornecedores mundiais. A fazenda brasileira fornece cerca de 20% de sua produção anual à rede. A cafeteria, que possui 11 mil pontos comerciais distribuídos por vários lugares do mundo, chega a comprar 2 milhões de toneladas de café por ano.
Cerca de 60% das compras de grãos da cafeteria são provenientes da América Central, de países como Guatemala e Costa Rica. O diretor da Fazenda Ipanema, situada no Sul de Minas Gerais, Washington Rodrigues, disse que a “interface que existe hoje entre a fazenda e Starbukcs é com a sede, que fica na Suíça. “É lá que ocorre o controle de qualidade e onde ocorre a (nossa) aprovação nos últimos 10 anos”, diz. “Vamos continuar fornecendo café para a sede”, diz o executivo, que considera normal a operação da empresa de importar a matéria-prima do Brasil para voltar processada e ser consumida aqui.
Entretanto, futuramente quando estiver estabilizada no Brasil, pode ser que a cafeteria decida criar uma estrutura própria para a torrefação no país, como ocorreu em outros países. A empresa possui indústrias de torrefação nos Estados Unidos, Japão, Amsterdã e Europa. A Fazenda Ipanema pretende ampliar a produção de café com a entrada da Starbukcs no Brasil. “A gente está trabalhando para incrementar a produção e estar apto para participar na mesma proporção do crescimento da Starbukcs”, declara Rodrigues.
A produção da fazenda deve atingir 140 mil toneladas de café, devendo dobrar em relação ao ano passado devido a bi-anualidade da safra deste ano. A expectativa é de um crescimento de 20% e 30% nos próximos dois e três anos. Além de ser uma empresa conhecida internacionalmente, a Starbukcsn para o melhor preço do mercado, de 20% a 30% maior. “O preço é um diferencial porque leva em consideração o nível de certificação do café e projetos sociais”, diz Rodrigues