Publicação: 14/03/07
Enquanto a Etiópia e a cafeteria norte-americana gigante Starbucks vão para o ringue numa rumorosa disputa de marca registrada, pouca atenção se tem dado a outro conflito latente em preparo nas ruas secundárias de uma cidade localizada numa região montanhosa.
O pequeno empresário Ambes Tewelde movimenta um comércio exuberante onde vende perto de 400 xícaras por dia de bom café etíope numa eternamente lotada cafeteria chamada … Starbucks! “Um etíope amigo meu em Atlanta sugeriu o nome, e as pessoas parecem gostar dele”, disse Ambes na sua loja.
Aqui, o café é tostado em carvão de lenha na frente dos fregueses e mulheres trajando vestidos brancos tradicionais oferecem os grãos aromáticos para eles cheirarem primeiro, antes de beberem o café. Orgulhoso com o grande letreiro pintado a mão “Starbucks” exposto na porta, e inclusive exibindo sua própria versão do famoso logotipo com um retrato de seu filho bebê sobreposto, Ambes não teme a visita dos advogados da empresa.
“Se eles reclamarem, mudarei o nome. Mas estou certo que ficarão satisfeitos aqui”, ele disse. “Afinal, ninguém conhecia o nome deles antes. Eu o tornei popular na cidade. E até poderia ser aquele a abrir uma franquia deles!”, completou.
Ambes, e seus fregueses da cidade de Mekele – capital da província de Tigray, no norte do país, onde a cerimônia de tomar café é parte essencial da cultura local – têm pouca simpatia, no entanto, pelo homônimo americano da disputa de marca registrada.
A rede de café com sede em Seattle é acusada de bloquear uma proposta da Etiópia – terra natal do café – de registrar a marca de seus cafés de primeira linha Sidamo e Harar, negando assim aos produtores renda extra de US$ 90 milhões ao ano.
A Starbucks informa que negocia com Addis Ababa, e ajuda os produtores locais com programas assistenciais.