fonte: Cepea

Starbucks e Etiópia selam trégua em guerra sobre preços do café

23 de junho de 2007 | Sem comentários Cafeteria Consumo

Pureza Sancho Adis-Abeba, 23 jun (EFE).- Após três anos de negociações, a Etiópia e o grupo americano Starbucks chegaram a um acordo sobre a produção e os preços do café que comercializam, o que dobrará a receita dos produtores locais.


O acordo põe fim a uma disputa crucial para a sobrevivência dos agricultores e a estabilidade da produção de café na Etiópia, maior exportador do produto na África e o sexto do mundo.



Na Etiópia, o chamado “ouro verde” é, há mais de mil anos, a principal fonte de renda do país, onde trabalhar no setor é motivo de orgulho.



No entanto, o desequilíbrio entre as receitas anuais obtidas pelas empresas cafeeiras e a pequena margem de lucro dos produtores locais resultaram em uma disputa considerada injusta pelo Governo etíope.



O mercado do café lucra aproximadamente € 100 bilhões por ano.



A companhia Starbucks, acusada por muitos de exercer monopólio ilegal, vende o quilo de café etíope de qualidade superior por € 20 nos Estados Unidos, mas até agora pagava somente € 0,65 pelo mesmo montante.



Neste ano, no entanto, prometeu pagar € 1,30 por cada quilo.



Solomon Adebe, do Ministério de Assuntos Exteriores etíope, destacou a importância do acordo: “Era uma situação insustentável”, confessou o alto funcionário.



“A Etiópia não podia vender seu próprio café como marca registrada devido à oposição da Starbucks, nosso principal comprador, e estávamos submetidos a uma dura chantagem”, acrescentou.



Nos últimos sete meses, a empresa americana concedeu inúmeras entrevistas coletivas para negar qualquer tipo de comportamento antiético.



Até pouco tempo, as iniciativas da Etiópia para penetrar no mercado internacional, principalmente no dos Estados Unidos, como produtor e exportador independente, foram obstaculizadas pela Associação Nacional Americana do Café.



Segundo as autoridades etíopes, a associação atua sob tutela da Starbucks, que rejeita a acusação.



Os agricultores etíopes se mostram otimistas em relação ao acordo – que ainda não foi assinado -, mas também estão cautelosos.



“A Starbucks está nos explorando”, alega Gaddacho Badacha, de 70 anos, pai de cinco filhos e que se dedica à produção do café desde que era criança, quando começou a seguir os passos de seu pai e de seu avô.



Badacha produz um tipo de café chamado “Yirgacheffe”, o mais prestigiado de todos, junto com os grãos “Sidamo” e “Harar”.



No ano passado, o agricultor produziu 850 quilos de café, pelos quais ganhou somente € 300.


Badacha não esconde sua impaciência quando fala sobre a reticência da Starbucks na hora de aceitar um aumento nos ganhos dos produtores.



“Quando alguém da minha família está doente, não posso chamar um médico porque não tenho dinheiro. Agora que me interei sobre os lucros da Starbucks, acho um absurdo”, disse.


Badacha é um dos 44 mil agricultores que fazem parte das 22 cooperativas do café presentes na Etiópia.


Em 2006, a produção total de café na Etiópia superou as 150 mil toneladas. O volume, no entanto, rendeu apenas € 350 milhões, e quando a divisão dos lucros foi concluída, os produtores receberam só € 300 para passar todo o ano.


A melhora, no entanto, está bastante aquém se comparada com o orçamento da multinacional, mas é essencial para a sobrevivência de uma atividade que emprega direta ou indiretamente mais de 15 milhões de pessoas, um quinto da população da Etiópia. EFE


 

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