AGRONEGÓCIO
26/11/2007
São Paulo, 24 de Novembro de 2007 – Ainda que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) tenha feito muitos esforços para aumentar sua credibilidade no mercado, a estatal precisa investir mais para aprimorar as estatísticas, sobretudo da atividade cafeeira, que vêm sendo questionadas por entidades e analistas de mercado. A opinião é do diretor do Departamento de Café da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Marcos Suplicy Hafers.
Porém, o diretor de Logística e Gestão Empresarial da estatal, Silvio Porto, diz que a Conab tem investido bastante nos últimos anos para aprimorar a área de avaliação de safras. Hoje existe uma distorção entre os dados de produção, consumo interno e exportação de café, provocando uma diferença de 10 milhões de sacas de café nos estoques, segundo o diretor de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Manoel Vicente Bertone.
Para Hafers, é necessário aumentar a apuração nas previsões de safra por meio de imagens de satélites para que sejam captados números mais precisos de produção, embora os atuais sejam os mais confiáveis entre os demais do mercado. “Precisamos trabalhar para conquistar credibilidade. É preciso fazer um trabalho muito sério e bem feito para evitar distorções”, diz Hafers.
A expectativa do diretor da Conab é de que os investimentos na estatal se mantenham no próximo ano. “Temos para 2008 um orçamento superior a R$ 2 milhões e R$ 2,5 milhões para a área de avaliação de safras. Neste ano aplicamos R$ 1,2 milhão”, acrescenta Porto. Ele diz ainda que a estatal está trabalhando na área institucional e em 2008 deve fazer apurações junto com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Temos uma metodologia muito confiável, na qual trabalhamos com três métodos diferentes de apuração”, disse.
Embora o diretor da Conab afirme que a questão orçamentária da estatal não tenha sido um problema – já que a verba anual vem sendo mantida – o diretor da SRB diz ser necessário fazer uma profunda apuração no levantamento de área de produção de café. Existe diferença de 200 mil hectares entre os cálculos feitos pela estatal e pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda). Enquanto o órgão americano contabiliza 2,280 milhões de hectares de café no Brasil, diz Hafers, a Conab calcula 2,065 milhões de hectares.
“É bom verificar essa diferença, pois 200 mil hectares a menos ou a mais, considerando produtividade de 20 sacas por hectare, representam 4 milhões de sacas”. Pelos dados da Conab, além da área oficial, ainda existem outros 188,364 mil hectares de cafezais em formação.
Neste caso, Hafers acredita que uma parte da diferença das 10 milhões de sacas de café – calculada por Bertone – poderia estar acontecendo por um equívoco no levantamento de área. Ele defende os dados da estatal. “As melhores estatísticas que existem são as da Conab. Por isso, defendo que a estatal seja aparelhada com recursos para impor respeito”, afirma. “Pode até haver engano (na Conab), mas não vontade de enganar”, disse Hafers.
Ele diz ser necessário colocar as estatísticas em ordem, até porque o Brasil tem grande representatividade no mercado internacional de café. Segundo Hafers, a única estatística confiável hoje no levantamento da cafeicultura é o volume de exportação, apurado pelo Secretaria do Comércio Exterior (Secex) e pelo Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé).
(Gazeta Mercantil/Caderno C – Pág. 8)(Viviane Monteiro)