S.O.S. para o café :: Alberto Pinto Coelho

29 de outubro de 2013 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado
Por: Estado de Minas

29/10/2013
 
S.O.S. para o café :: Alberto Pinto Coelho



A forte redução em curtíssimo prazo do preço da saca sugere gigantesca manipulação praticada pelos mercados compradores


Vice-governador de Minas Gerais


O café, com sua cultura tricentenária no país, tornou-se uma referência mundial do Brasil, a exemplo de outros ícones, como o samba, futebol e carnaval. A par disso, continua sendo uma riqueza econômica de alta expressão em nosso comércio internacional, especialmente em Minas Gerais,maior produtor nacional e onde o café é a segunda maior fonte de divisas das exportações mineiras e principal item de nosso agronegócio.


Se essa é uma realidade macroeconômica indiscutível e de todos conhecida, “da porteira para dentro”, segundo o jargão que designa o trabalho de plantio e de colheita do café por milhares de pequenos e médios produtores, com sua legião de trabalhadores, a realidade é bem diferente. Tanto assim que o título deste artigo, contendo a expressão S.O.S., já era corrente na cafeicultura nacional há pelo menos quatro anos, quando foi realizada, em 23 de junho de 2009, a Marcha do café, com destino a Brasília, para protestar contra o descaso do governo federal em relação à política cafeeira.


Acontecia então, como acontece hoje com maior gravidade ainda, que o custo de produção da saca de café, aquele despendido da “porteira para dentro”, estava, como agora está, acima dos preços pagos pelo mercado internacional, como era e é mais caro que o preço mínimo de garantia do café fixado pelo governo.


Em se tratando de uma riqueza nacional, que afirma a presença do Brasil no mundo, com forte contribuição na geração de emprego e renda em 1800 municípios brasileiros, custa crer que até hoje o país não conte com uma política cafeeira estratégica e permanente, capaz de enfrentar o jogo de pressões que faz oscilar o preço dessa verdadeira commodity agrícola no mercado internacional – ao sabor de forças e interesses instalados fora de nossas fronteiras.


Evidentemente, contra esse jogo especulativo que é operado em bolsas internacionais e por traders mundiais, pouco ou praticamente nada podem fazer aqueles que mourejam na lavoura cafeeira. Precisam contar, para isso, com uma ativa atuação do governo brasileiro, não propriamente imbricando no âmbito desse mercado internacional, mas agindo na formulação e prática de uma política interna inteligente e flexível para o setor. Que ela seja capaz de responder, com eficácia e rapidez, às manobras e imposições desse mesmo mercado, quando se caracteriza o dumping nos preços do café.


De fato, a redução, em curtíssimo prazo, do preço da saca de R$ 520 para algo como R$ 300, sugere uma gigantesca manipulação praticada pelos mercados compradores e consumidores do produto. Daí a vigorosa determinação do governador Antonio Anastasia de perfilar-se, firme e solidariamente, na defesa dessa riqueza marcante de Minas e do Brasil, tanto em seu último encontro com a presidente Dilma Roussef em Belo Horizonte, em 23 de outubro, quanto no documento oficial que o governo mineiro acaba de apresentar ao governo federal, apontando alternativas de solução para a crise que hoje se abate sobre a grande família produtora de café.


Como bem assinalam o secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Elmiro Nascimento, e o secretário de Estado de Transportes e Obras Públicas Carlos Melles, grandes defensores dessa causa, “o que está em jogo, mais uma vez, não é estritamente um dado setor produtivo”. Trata-se de defender, a longo curso, um patrimônio físico e imaterial que ao longo do tempo tanto tem contribuído para o enriquecimento econômico, humano e cultural de Minas Gerais, representado por Sua Excelência, o café.


Ele nos pede, na trajetória de séculos, coragem para defendê-lo dos que tratam um produto tão nobre, incorporado à cultura do mundo, como se fosse mero joguete de interesses imediatistas nas mãos de especuladores.


COMENTÁRIOS


João Paulo
Sábias palavras do Vice Governador, porém o grande receio dos produtores e da cadeia produtiva é que simplismente fique somente nas palavras!!
 Precisamos de muita ação neste momento obscuro da nossa cafeicultura.


 Luciano Domiciano
Não há dúvidas quanto a correção das escritas do vice-governador. Mas precisamos de uma atuação conjunta de todos os envolvidos na cadeia produtiva do café. Neste momento, quem ganha, além dos manipuladores internacionais é a torrefação, já que o preço do café não caiu nas prateleiras dos supermercados. Para nós produtores está insuportável: produzir a R$ 320,00 e vender a R$ 250,00 não dá!

Alexandre Polastri
Dilmaaa ! acorda desse berço esplêndido e governe para os Brasileiros e não para a politicagem !

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