Contudo, ele ressaltou que a perda de força do El Niño também pode significar que o frio chegará mais cedo no Paraná e em Mato Grosso do Sul, elevando o risco de geadas em junho.
São Paulo, 15/3 – O enfraquecimento do fenômeno El Niño deve favorecer a segunda safra de milho no Centro-Oeste, levando chuvas à região pelo menos até maio, especialmente em Mato Grosso e Goiás, projetou o meteorologista da Somar, Paulo Etchichury, em entrevista ao Broadcast Agro, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. Contudo, ele ressaltou que a perda de força do El Niño também pode significar que o frio chegará mais cedo no Paraná e em Mato Grosso do Sul, elevando o risco de geadas em junho.
Etchichury explicou que o Centro-Oeste vem de três safras seguidas em que o clima ajudou muito o milho de inverno, e isso provocou uma expectativa no setor produtivo de que essa situação venha a se repetir. “Mas isso não é uma regra”, ponderou. Ele assinalou que o prolongamento do período de chuvas sofre forte influência das condições do Oceano Pacífico, e o enfraquecimento do El Niño deve permitir que as frentes frias que vêm do Sul do Brasil consigam avançar rumo ao Centro-Oeste. “Já não se tem mais as chuvas diárias, como é típico do verão mas podemos, mesmo após um período de dias secos, ter um episódio de chuvas que pode fazer toda a diferença, porque vai favorecer a finalização da lavoura.”
No ano passado, choveu em abril, maio e em junho no Centro-Oeste, lembrou o meteorologista. “Para este ano, não dá para garantir chuvas em junho. Mas, ao que tudo indica, no decorrer de abril, teremos alguns, pelo menos um ou dois, episódios de chuvas, e também até mesmo em maio, pelo menos até a primeira quinzena, há indicativo de que nós poderemos vir a ter episódios de chuvas”, apontou Etchichury. “Não é logicamente a condição ideal, mas por outro lado poderia não chegar nada. Tem anos em que não chove nada em abril, não chove nada em maio.”
Diferentemente do ano passado, quando ocorreram episódios de chuvas mais tardiamente, neste ano o produtor que depender de chuvas a partir da segunda quinzena de maio corre risco maior. “Não dá para esperar que este ano ocorra a mesma coisa, então é preciso tomar um pouco de cuidado com essas condições, mas o produtor ainda está com um fator climático apontando para uma condição um pouco mais favorável”, ressaltou.
Já em Mato Grosso do Sul e no Paraná, o enfraquecimento do El Niño aumenta o risco de antecipação do frio e a possibilidade de ocorrência de geadas sobretudo em junho. “O outono deve ser de temperaturas um pouco mais amenas, o que, num primeiro momento, ajuda porque o milho é beneficiado por temperaturas mais baixas, sobretudo à noite, porém, em compensação, aumenta o risco de ondas de frio mais intensas, com possibilidade de geada”, disse Etchichury. “E esse risco, lógico, vai aumentando na medida que você vai se aproximando do inverno.”
Para maio, a previsão é de que ambos os Estados já registrem ondas de frio, mas só em junho começa a aumentar o risco de geadas, que podem prejudicar parte das lavouras.
Fonte: Q10/Estadão Conteúdo