Carine Ferreira
As condições de desenvolvimento dos cafezais melhoraram muito nas últimas duas semanas com o retorno das chuvas, de acordo com boletim da Somar Meteorologia. Mas as chuvas ocorrem em forma de pancadas, por isso, as condições ainda não estão totalmente favoráveis. Ainda há localidades tanto de São Paulo quanto de Minas Gerais que se encontram com níveis mais baixos de umidade do solo.
Isso ainda preocupa o mercado, já que a seca e o forte calor registrados em janeiro e fevereiro causaram perdas irreversíveis aos cafeeiros, afirma o boletim da Somar.
Somente nesta semana é que as chuvas voltaram de forma mais generalizada e até mesmo em maiores volumes, mas ainda são insuficientes para repor totalmente os níveis de umidade do solo.
Em grande parte das regiões cafeeiras, os solos apresentam níveis entre 60% e 70% de sua máxima capacidade de retenção de água.
Isso já é uma condição ideal ao desenvolvimento dos cafezeiros e até mesmo para “paralisar” as perdas, mas por outro lado, também está no limite mínimo. Assim, qualquer período um pouco mais longo de ausência de chuvas poderá gerar um novo estresse hídrico na planta e, consequentemente, novas perdas.
Para esta semana há previsão de mais chuvas para todas as regiões cafeeiras, devido à passagem de uma frente fria pela região Sudeste. Os volumes previstos para essa semana serão mais altos, proporcionando a elevação dos níveis de umidade do solo a patamares mais confortáveis ao desenvolvimento dos cafeeiros.
Além disso, com a passagem da frente fria as temperaturas não ficarão tão altas, o que também favorece a paralisação das perdas.
Entretanto, para a segunda quinzena de março não são esperadas chuvas volumosas. Este mês deverá se encerrar com chuvas abaixo da média. Para a região de Varginha (Sul de Minas Gerais), por exemplo, são esperados volumes próximos dos 50 milímetros para os próximos 15 dias. Em Patrocínio (Triângulo Mineiro), deverá chover aproximadamente 40 milímetros. E na região de Espírito Santo do Pinhal (SP), são previstos para a segunda quinzena de março volumes em torno dos 55 milímetros.
Esses volumes são baixos para suprir toda a demanda hídrica das plantas, ainda mais que as temperaturas deverão voltar a subir nesse período, elevando as taxas de evapotranspiração e, consequentemente, levando a uma maior demanda de água pelas plantas. Desse modo, novas perdas poderão vir a ocorrer até o fim de março e início de abril.
Os prejuízos à produção de café não se restringem somente à safra 2014/15, mas também às próximas safras. A seca afetou a formação e crescimento dos ramos de café que serão responsáveis pelas próximas floradas, que por sua vez vão dar os frutos do ciclo 2015/16.