Soja, café e laranja: mais um time do Brasil na Alemanha

Isaura Daniel

São Paulo – Se depender do Ministério da Agricultura do Brasil, Ronaldinho Gaúcho não vai ser a única estrela da Copa do Mundo, que começa hoje (09) na Alemanha. Ele vai dividir a atenção com a soja, o café, as carnes, as frutas, o suco de laranja. O governo brasileiro quer mostrar ao mundo que o país não tem apenas futebol de qualidade. “Queremos colocar na cabeça dos consumidores da Alemanha e de outros países que o Brasil é um grande produtor agrícola e que tem alimentos de qualidade”, diz o secretário adjunto de Relações Internacionais do Agronegócio, Lino Colsera.

O Brasil vai promover nas cidades alemãs de Berlim, Munique e Frankfurt, que abrigarão jogos, os alimentos que produz. A campanha pelo time brasileiro que vem da lavoura, na verdade, já começou. Desde o dia 29 de maio é possível ver espalhadas por Berlim 125 placas luminosas que mostram a face mais popular do país no exterior, como praias e futebol, com a produção agrícola e pecuária. A partir de hoje, o metrô da cidade terá 36 painéis com imagens similares. Munique também recebe hoje placas de rua luminosas e a revista de bordo da Lufthansa, companhia aérea local, traz anúncios da campanha.

Segundo Colsera, os estrangeiros normalmente não sabem que estão consumindo alimentos brasileiros. “É importante que o consumidor sabia da qualidade e da sanidade dos produtos”, diz a coordenadora-geral de Ações no Mercado Externo do Departamento de Promoção Internacional do Agronegócio da Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio, Telma Gondo.

O café é um dos alimentos nacionais que a Alemanha começa a conhecer mais de perto. Ele está sendo oferecido em eventos culturais brasileiros, como exposições e shows, promovidos pelo Ministério da Cultura na Alemanha em função da Copa. “Já houve comentários de pessoas surpresas com o nosso café”, conta o secretário.

Além da publicidade e da degustação, vão ocorrer coletivas de imprensa e seminários sobre o agronegócio nacional. No dia 07 de julho, o ministro da Agricultura do Brasil, Roberto Rodrigues, vai receber a imprensa na embaixada do Brasil em Berlim para falar sobre o tema. No local haverá degustação de café. Entre os dias 8 e 11 de julho a Câmara de Comércio Brasil Alemanha promove um fórum de negócios voltado para empresários dos dois países no qual Roberto Rodrigues será homenageado. Paralelamente ocorrem reuniões da Comissão Mista Brasil-Alemanha, mecanismo oficial de discussão das relações entre os dois países.

No dia 12 de julho, o Ministério da Agricultura do Brasil fará um seminário na Bolsa de Valores de Frankfurt. De acordo com Lino Colsera, o objetivo do seminário é mostrar o agronegócio pode ser propulsor do desenvolvimento de um país. “Vamos promover o conceito do agronegócio, que não é tão difundido na Europa. Eles não têm uma percepção tão profunda deste conceito, da importância que o agronegócio tem na economia de um país e não apenas dentro da fazenda”,  afirma. O modelo de  campanha de promoção dos alimentos brasileiros na Alemanha será usado pelo governo, segundo Colsera, também em outros eventos no exterior, como feiras.

Lavoura promissora

O agronegócio é um dos motores da economia brasileira e também um grande gerador de divisas. Nos últimos doze meses, que cobre o período de junho de 2005 a maio deste ano, o agronegócio nacional teve faturamento de US$ 44,7 bilhões com exportações. O valor é 9,3% superior aos doze meses anteriores. O setor teve, no período, um superávit comercial de US$ 39 bilhões.

Na safra deste ano o país deve colher 120,3 milhões de toneladas de grãos. A colheita será 5,6% superior à do ano passado. A área plantada no país é de 49,1 milhões de hectares. O Brasil deve colher 41,5 milhões de toneladas de milho e 51,5 milhões de toneladas de soja.