Brasília, 6 de Abril de 2006 – Recursos para a comercialização da safra se destinam a atenuar os efeitos da crise no campo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve anunciar amanhã medidas que beneficiam o agronegócio. Segundo o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Jacinto Ferreira, Lula aproveitará um encontro com representantes do setor produtivo do frango para anunciar a prorrogação de dívidas dos agricultores e a liberação de R$ 1 bilhão para e recursos para o financiamento da comercialização de grãos, como forma de diminuir a oferta e controlar preços.
“Os preços dos grãos estão muito baixos, é necessária a intervenção do governo para que não haja a perda de renda que aconteceu no ano passado”, explica Ferreira.
A verba será liberada em duas parcelas de R$ 500 milhões, uma neste mês e outra no próximo. Ao todo, o setor pede a liberação de R$ 1,7 bilhão para a compra e auxílio no transporte dos grãos. No ano passado, o governo utilizou R$ 1,28 bilhão para intervir no mercado.
“Nós insistimos muito para conseguir essa verba, era preciso uma interferência maior do governo no mercado no ano passado para evitar que os preços ficassem tão baixos”, afirmou.
A Conab reduziu novamente a estimativa para a safra de grãos 2005/06. Segundo os números do quinto levantamento, a produção brasileira de grãos será de 121,5 milhões de toneladas. O último levantamento, divulgado no mês passado, previa uma safra de 122,6 milhões de toneladas. Para Ferreira, o clima é responsável pela queda na produção, com destaque para a seca nos estados das regiões Centro-Oeste e Sul no início do ano. “Além dos fatores climáticos, contribuíram para a quebra a ferrugem asiática que atingiu lavouras de soja da região Sul e a utilização de menos tecnologia”, explica.
Segundo Ferreira, houve uma diminuição no uso de fertilizantes, adubos e equipamentos porque, com a perda de renda do ano passado, o agricultor tinha menos capital para investir.
Apesar da estimativa menor, o número aponta crescimento de 6,6% em relação à safra anterior. A área plantada será menor nesta safra, projetada em 47 milhões de hectares, contra 49,1 milhões de hectares da safra 2004/05.
A soja foi a cultura que mais contribuiu para a redução da estimativa de safra. A última estimativa para a produção de soja é de 55,7 milhões de toneladas, número inferior ao projetado no mês passado, de 57,2 milhões de toneladas.
Ferrugem e seca
A previsão para a cultura ficou abaixo também do número mínimo projetado em dezembro do ano passado (57,3 milhões de toneladas), quando a Conab divulgou um intervalo esperado para cada cultura. A soja foi prejudicada pela ferrugem e pela seca nos estados do Sul nos dois primeiros meses do ano. Mesmo com a redução da projeção, a produção será 8,3% maior do que a da safra passada, que foi de 51,4 milhões de toneladas.
A previsão para a primeira safra do milho foi mantida em 31,9 milhões de toneladas. Em relação à safra 2004/05 haverá um crescimento de 16,9%. Para a primeira safra do feijão, houve uma pequena redução de estimativa, passando de 1,4 milhão de toneladas para 1,36 milhão de toneladas.
Segundo o presidente da Conab, Jacinto Ferreira, a redução não foi suficiente para alterar o mercado. “Não é uma redução significativa em termos de mercado e nem traz riscos de desabastecimento”, afirma