01/01/2010
A Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas foi um fracasso. Essa foi a ideia inicial que o encontro passou. Não por falta de colaboração de alguns dos principais agentes da cena política internacional. Muitos chefes de Estado – aí incluído o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama – deixaram Copenhague antes mesmo de o documento final, melhor dizendo, o arremedo de documento final ter sido firmado e depois “desaprovado” por pressão de países mais pobres, notadamente da África. A sensação foi de grande frustração, menos para o presidente Lula, que surpreendeu com propostas modernas, pela defesa firme de metas realistas e verdadeiras. Deixou o encontro respeitado tanto pelos ambientalistas quanto pela mídia internacional. Agora, o Brasil volta à cena ecológica e abre caminho para que o aparente fracasso possa encontrar uma boia de salvação e evitar o naufrágio das boas intenções.
O presidente Lula sancionou o projeto sobre mudanças climáticas, mantendo a meta que tinha levado à Dinamarca, de redução das emissões de gases de 36,1% a 38,9% até 2020. É meta ousada, carente ainda de detalhamento, o que só será feito depois que a nova lei for regulamentada. Normalmente, é nessa etapa do processo que os lobbies dos setores diretamente envolvidos atuam com mais desenvoltura, já que fica mais difícil ao público compreender o que é e o que não é politicamente correto na formulação da regulamentação.
Os grupos envolvidos na defesa do meio ambiente, no entanto, são marcados pela forte vigilância que costumam manter sobre os interesses ecologicamente corretos. Se Lula foi política e ecologicamente correto com a nova legislação, o preço da preservação do planeta passará a ser a eterna vigilância, tanto na hora da regulamentação, quanto na aplicação das novas regras.
É importante que o Brasil, dono da mais rica natureza do planeta, tenha marcado posição firme na questão. Agora, é hora de deixar de lado a retórica bonita da boca para fora e pôr em prática o que está no campo das boas intenções. A começar por um projeto realista para a Amazônia, que ainda é palco de uma guerra surda entre governo, ecologistas e fazendeiros, de olho gordo na imensa fronteira agrícola que a floresta impede que seja aberta.
Proteger e saber explorar bem a região é o melhor caminho para que o Brasil, de forma pacífica e ainda dando exemplo aos demais países, possa reafirmar de uma vez por todas a soberania do maior patrimônio ambiental do planeta. A Amazônia é apenas um exemplo, diante da riqueza natural deste país continental e de tantos e variados habitats. Mas é o que mais chama a atenção do resto mundo e, por isso, se tornará vitrine que pode pôr o Brasil em vanguarda nas relações internacionais. Basta cumprir as promessas.