25/11/2009 – Em entrevista à Agência SAFRAS, durante o 11o Congresso de Agribusiness da Sociedade Nacional da Agricultura (SNA), no Palácio do Comércio, no Rio de Janeiro (RJ), o ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e Coordenador da FGV Agro, Roberto Rodrigues, fez uma avaliação do ano de 2009 para o setor do agronegócio brasileiro e lançou expectativas para 2010. Conforme ele, o ano de 2009, considerando a crise financeira mundial e seus efeitos para todas as economias, teve um desempenho até mesmo melhor do que o esperado para o agronegócio brasileiro.
“Vínhamos com um dólar mais alto até a metade do ano, mas o fraco desempenho da economia levou a uma valorização do real frente ao dólar, o que dificultou o desempenho de algumas commodities, como café, laranja, carne bovina e cana-de-açúcar.
Mas de modo geral foram poucos os produtos diretamente afetados”, comenta. No caso do café e da laranja, Rodrigues disse que o efeito cambial fez com que o custo de produção permanecesse elevado e mais alto do que o preço de venda, o que trouxe complicações.
Na carne bovina, a dificuldade maior está ligada às restrições por parte da Uniao Europeia.
Já na cana, o maior entrave levou em conta o baixo preço praticado no mercado internacional até junho, o que proporcionou uma redução na área plantada no País. Já no segundo semestre, o agronegócio nacional vive um momento em que a desvalorização do dólar frente ao real é ainda mais evidente, com as empresas produtores de soja trabalhando com a cotação a R$ 1,90 no momento do plantio e de R$ 1,70 nesse período de pré-colheita.
“Fora isso será um ano de produção recorde no Brasil e nos Estados Unidos para a oleaginosa, o que possivelmente trará uma pressão maior sobre os preços”, afirma. Para o próximo ano, no caso do milho e do algodão, por outro lado, a perspectiva é de redução de área cultivada, o que deixa uma maior expectativa de retomada da preços para o próximo ano, o que deve ocorrer também com a cana, especialmente pela maior demanda mundial pelo consumo de açúcar e de energia. Em relação ao setor carnes, a expectativa é favorável, apesar do segmento de carne bovina seguir ainda muito dependente da União Europeia, por conta da previsão de melhor venda ao Japão e Coreia.
“No suíno, a dependência da Rússia tende a ser compensada por outros mercados.
Já na carne de frango o cenário segue faorável, com as fichas sendo depositadas na China”, analisa. Para o presidente da SNA, Octavio Mello Alvarenga, o cenário para o agronegócio brasileiro é de otimismo e oportunidade, diante do crescimento em área e produção registrado ao longo dos anos.
“Para isso, porém, é fundamental que a expansão do agronegócio seja feita de modo sustentável, com o propósito de atender tanto ao interesses dos consumidores dos mercados internos e externos”, finaliza.
As informações partem da Agência Safras, noticiou o Carvalho News / Café e Mercado.