Quando produzia máquinas agrícolas, grupo gaúcho faturava R$ 300 milhões por ano; agora, com forte presença no agronegócio, receita supera R$ 1,2 bilhão
PORTO ALEGRE – Nos últimos cinco anos, o grupo gaúcho SLC passou por uma profunda transformação. A sexagenária empresa, que chegou a ser a maior produtora de máquinas agrícolas da América Latina, em parceria com a norte-americana John Deere, foi completamente reinventada. A partir de 1999, quando seus donos, as família gaúchas Scheneider, Ullmann e Logemann, venderam seu braço industrial para a multinacional, a SLC partiu em busca de novos negócios.
Na época, o faturamento do grupo não chegava a R$ 300 milhões, e mais de 70% vinham da fabricação de tratores e colheitadeiras. Em 2004, apenas cinco anos depois, atuando em áreas tão diversas quanto o agronegócio e o comércio de ferramentas industriais, o faturamento alcançado pelo grupo foi de R$ 1,2 bilhão. “Já estamos bem maiores do que quando tínhamos a indústria”, diz Eduardo Logemann, presidente do Grupo SLC, cujo grupo familiar assumiu o controle integral da empresa em 2001, com o afastamento dos Scheneider e dos Ullmann.
Capitalizada pelo dinheiro da venda da fábrica, o caminho natural da SLC foi reforçar sua área agrícola, que já contava com cerca de 50 mil hectares de fazendas em Estados como Goiás, Mato Grosso e Maranhão. A área plantada sofreu forte expansão – hoje são 102 mil hectares, que produzem 400 mil toneladas de soja, algodão, milho e café.
A SLC já figura entre os principais produtores brasileiros de algodão e soja e, de antiga sócia, virou o maior cliente individual da John Deere no mundo. Mas Logemann avalia que seria uma insensatez concentrar todos os investimentos no mesmo negócio. “Não se pode botar todos os ovos no mesmo cesto”, diz.
Além disso, em razão dos altos preços das terras, a agricultura tornou-se uma aposta altamente intensiva em capital. “Se eu observar o retorno sobre o investimento, nem os meus netos vão pagar essa conta”, avalia. Por isso, para as novas expansões – até 2010 a SLC quer ter 150 mil hectares de lavouras – a estratégia pode ser arrendar terras próximas às suas fazendas. “Vamos otimizar a nossa infra-estrutura. Além disso, o meu negócio não é ter terras, é plantar soja, algodão, milho”, diz Logemann.
Entre as novas apostas do grupo está a cana-de-açúcar. “É um mercado que estamos olhando, já temos uns testes experimentais com bom rendimento.”
Não é só no agronegócio que os Logemanns estão surpreendendo. Dentro do processo de diversificação, eles inovaram na área de marketing e logística, com a SLC Alimentos. A empresa começou a comprar arroz e feijão de terceiros e comercializá-los sob marcas próprias, também adquiridas no mercado. O negócio, que saiu do zero em 2001, vai de vento em popa e deve faturar cerca de R$ 300 milhões este ano. Outra tacada bem-sucedida foi a compra da Ferramentas Gerais, de Porto Alegre, que comercializa ferramentas, máquinas e suprimentos para os setores industriais e de serviços. Em apenas quatro anos, o negócio dobrou de tamanho e já representa metade do faturamento do grupo.
Além dos negócios na agricultura, nas áreas de alimentos e comércio de ferramentas, a SLC possui ainda uma revenda de máquinas agrícolas e um hotel em Horizontina, sua cidade natal, no noroeste gaúcho.
Pergunte a Logemann qual é um bom negócio hoje e a resposta será “qualquer negócio”, sem titubear: “O segredo é que em ano bom a gente tem que lavar a égua de ganhar dinheiro. E em ano ruim não se pode perder”, diz.