Situação atual e futura da produção de fertilizantes no Brasil é tema de palestra no Agrocafé
A palestra foi coordenada por Humberto Santa Cruz, prefeito de Luis Eduardo Magalhães
Abrindo o segundo dia de debates do Agrocafé – Simpósio Nacional do Agronegócio Café, o prefeito de Luis Eduardo Magalhães coordenou a palestra sobre a “Situação atual e futura da produção de fertilizantes no Brasil”. Dentro do tema foi abordada a produção e mercado do mundo e do Brasil; logística; preços; desafios e Oportunidades para a expansão da produção no país.
Segundo os especialistas, existem duas razões para o crescimento das exportações mundiais: primeiro a construção de grandes plantas destinadas à exportação em países com baixo custo de gás natural; e segundo a expansão do consumo (fertilizantes e industrial) em áreas com limitados recursos em gás natural.
“O grande aumento nas exportações decorrente do aumento, nos últimos anos, do preço do gás nos EUA; fechando plantas responsáveis por uma produção de 7,5 milhões ton /ano. Metade do crescimento, previsto, da produção mundial de amônia e uréia, até 2015, será em países com alto consumo interno de fertilizantes (China, Paquistão e Egito). O restante será em países com preços baixos de gás natural (Norte da África e Oriente Médio)”, garante José Alberto Montenegro Franco, da Petrobrás/FAFEN-BA, que também falou sobre a empresa e apresentou dados técnicos da evolução de fertilizantes no Brasil e no mundo.
“Aproximadamente 90% da produção mundial é baseada no gás natural. O restante divide-se em iniciativas como a utilização de carvão, na China, e nafta, na Índia”, completa.
Franco explica que o Mercado Nacional depende da demanda por produtos agrícolas. Os fertilizantes e petroquímicos são commodities e os preços são voláteis (balanço oferta-demanda, mercado sazonal e competitivo);
“A indústria nacional de amônia e uréia, em decorrência das características do mercado nacional (baixa barreira tarifária, vantagem tributária aos importados, demanda oposta a do hemisfério norte) atua como “Tomadora de Preços”, isto é, pratica preços compatíveis aos das importações”, reafirma.
Mas segundo Franco, o mercado nacional de fertilizantes ainda enfrenta várias barreiras, o que dificulta a viabilidade econômica de novos projetos de unidades industriais. Entre elas, o representante da Petrobrás/FAPEM-BA destaca o fornecimento e preço de matéria-prima – a redução no fornecimento do gás boliviano e, conseqüentemente, o aumento do preço é a maior barreira para a aprovação de novos projetos; a isonomia – Falta de tratamento isonômico entre produtos nacionais e importados, garantindo uma justa competição no mercado, que hoje é totalmente favorável ao produto importado; elevado nível de investimentos requeridos e a criação de linhas de financiamento para aquisição do produto nacional nos mesmos padrões de prazo e juros das concedidas internacionalmente.
“O Brasil reúne as maiores áreas agriculturais disponíveis, bem como 20% do volume de água doce do mundo. Daí há efetivas possibilidades do Brasil se tornar o maior produtor de grãos, carnes e biocombustíveis do mundo. Portanto é necessário reduzir a dependência externa de fertilizantes nitrogenados, elevando potencial do país para se tornar o maior produtor agrícola mundial e o nível de prioridade governamental dado ao projeto e com certeza as perspectivas de novas descobertas de gás no país”, analisa Franco.
De acordo com Eduardo Daher, da Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), o sistema de crédito oficial está defasado e é insuficiente. Para ele, existe ausência de seguro agrícola/climático e/ou de fundo “catástrofe”. “Os débitos acumulados do agronegócio brasileiro chegam a R$ 131 bilhões, sem contar com os problemas de imagem das constantes renegociações”, acredita.
Sobre a situação da crise conjuntural, Daher disse que “uma organização precisa reduzir drasticamente o tempo que leva para passar do ‘não pode ser verdade’ para o ‘devemos encarar a realidade’, destaca.