Palestra sobre marketing discutiu a viabilidade e fez parâmetro com Circuito Serras Verdes, no Sul de Minas
Karina Rúbia
Implantar o turismo em Patrocínio sem a reativação do lendário Hotel Serra Negra, é considerada tarefa inválida para alguns. Já outros dimensionam o potencial do município em tornar-se um destino, no fato de ser o maior produtor brasileiro de café e daqui saírem cafés especiais apreciados em diversos países.
Para discutir o tema e unir esforços foi realizada no último sábado, 14, no auditório da Acip/CDL, a palestra “Café, um projeto Turístico Internacional”, onde o diretor do Circuito Serras Verdes, no Sul de Minas e profissional em Marketing, Gustavo Arrais veio à convite do Circuito Turístico Caminhos do Cerrado e de profissionais ligados aos Sistema Café do Cerrado falar sobre sua experiência na cidade de Monte Verde – MG, situada a 165 Km de São Paulo, e que possui apenas cinco mil habitantes e hoje conta com 146 pousadas e hotéis e mais cerca de 30 em construção recebendo em média 10 mil turistas/dia. Mesmo sem nada de concretamente atrativo, a cidade tornou-se nacionalmente reconhecida como “A capital do romance” e conquistou expressivos patrocinadores.
Associativismo – A guinada de Monte Verde teve início com o nascimento do projeto no reveillon de 2003. Arrais que também é hoteleiro, conta que esta experiência de promover o evento mais romântico do ano foi marcante para alavancar o turismo na região e hoje ter uma representatividade de 90% na economia do município.
Como o Circuito Caminhos do Cerrado e o Sistema Café do Cerrado deverão fazer, a etapa fundamental realizada em Monte verde foi mobilizar e profissionalizar a área. “Recorreremos ao associativismo e depois definimos a criação de uma diretoria apolítica para garantir a independência e continuidade e também criamos até um lema que é o PHL – Partido Hotel Lotado”, brinca.
Implantação – Sem dúvida a mobilização dos variados segmentos da sociedade deve ser o primeiro passo e, principalmente empresários e produtores altamente qualificados como os do Café do Cerrado estão acostumados e precisam visualizar o retorno.
No entanto, as estatísticas demonstram que apesar do lucro ser a longo prazo, o investimento é seguro. Turismo é considerada a 3ª economia do mundo; representa 1 em cada 10 empregos; baixo investimento; empregos diretos a todos os níveis culturais e de formação educacional; preserva o folclore e ainda é não poluente.
O bom turismo – Para Arrais, a definição se resume em Informação – boa, ágil e confiável. O turista precisa sentir que o destino esteja organizado e seja confortável. Ele comenta sobre as variações do Turismo. “O Turismo passou pelas etapas de Turismo Histórico;Turismo Cultural;Turismo do Ócio e hoje vivemos o Turismo Emocional, onde não basta conhecer, mas também sentir, vivenciar. Como, por exemplo, algo ligado à cafeicultura. O Turista necessita estar inserido no processo de torra e moagem e depois de degustação do café feito por ele mesmo”, aponta.
O segredo – No Brasil atualmente existem 3.189 destinos turísticos mapeados e o turista precisa ser atraído. Arrais conta um pouco de suas estratégias. ”A nossa mecânica de trabalho é focada na participação em média de 14 a 18 feiras anuais onde é preparado um material especial sobre Monte Verde e seus diferencias para os jornalistas e distribuído no Press Center através de pessoas especializadas e onde o convidamos a conhecer a mágica de nossa terra. Com as publicações e o boca a boca ganhamos visibilidade, credibilidade e consequentemente patrocínio de grandes empresas”, relata.
Em Patrocínio – Mesmo timidamente existem visitas de comitivas nacionais e internacionais ao Sistema Café do Cerrado que abrande 55 municípios e possui como chamativo a alta tecnificação, qualidade do produto e o fato de ser a única região de café demarcada que se tem conhecimento. No Brasil, este selo de origem para se ter uma idéia, existe apenas no Vale dos Vinhedos na região Sul.
Entretanto, para se criar efetivamente um destino turístico ligado ao café em Patrocínio, Arrais dá algumas dicas. “Apesar de ser bem diferente, pois lá temos cinco mil habitantes e aqui cerca de 80, acredito que o primeiro passo é unir os interessados e criar um destino romântico para a cafeicultura, como uma fazenda modelo que leve o turista a passar pelo plantio, torra e degustação do café. Além disso, elementos que o façam se sentir dentro do processo como, por exemplo, uma exposição com curiosidades, histórias, estatísticas, mecanização entre outras”, frisa.
A primeira tentativa foi dada com esta palestra que contou com a presença de representantes do Circuito Turístico Caminhos do Cerrado, curso de Turismo e Hospitalidade do CET – Cerrado, Caccer – Conselho das Associações dos Cafeicultores do Cerrado, Acarpa – Associação dos Cafeicultores da Região de Patrocínio, Expocaccer – Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado, Secretaria Municipal de Desenvolvimento, simpatizantes entre outros que se colocaram à disposição para tornar o projeto uma realidade.
Como diz Arrais, com a cidade cheia, todos ganham. “Isso reflete na cadeia de hotéis, restaurantes e comércio no geral, sem falar na projeção do município em nível social e no mercado nacional e internacional. É muito bom vermos o dinheiro circulando e as pessoas felizes, trabalhando animadas, pois em Monte Verde para se ter uma idéia um garçom consegue tirar em média 1,2 mil reais/mês. Desejo o mesmo para Patrocínio”, encerra.