SINCAL Contesta – Charlatanismo nas previsões de safras de café.

Iniciou novamente as sucessivas charlatanices das previsões da safra vindoura de café como noticiou bloomberg: “Brasil terá safra recorde de café e preço deve cair…”, noticiado no dia 01/10/2009, se espera ser uma safra recorde no Brasil, afirmaram analistas da Sucden Financial ltd., e do Newedge USA LLC, publicado essas informações da bloomberg, “O chart of Day” os analistas estimam um volume de 50 a 55 milhões de sacas.


“Essa bolha vai estourar muito em breve” informou Willian Adjadj, investidor da Sucden, em Paris.


Como podemos observar essas previsões estão sendo realizadas por gente que vivem em centros tão longínquos dos nossos parques cafeeiros e, nominalmente tão desconhecidos do nosso meio dando uma conotação de pura especulação e, deveriam estar cuidando das pirâmides e do charlatanismo financeiro que já fez respingar sujeiras por todos os cantos.


Além disso, um tal Rodrigo Costa, vice-presidente de vendas institucionais da Newedge, um nome latino, até pode ser um brasileiro, que deverá fazer parte no conluio conspirativo contra os cafeicultores brasileiros, teve a petulância de precisar, lá de Nova York, “que é difícil acreditar que a safra será menor que 52 a 55 milhões de sacas” baseado em que essas previsões tem origem? Portanto, queremos saber desses senhores, como chegaram a esses números? Será que eles percorreram as regiões cafeeiras do Brasil? E, perguntamos:


1) Quantos cafeicultores foram visitados e, em quais regiões cafeeiras?


2) Quanto será de arábica e quanto será de robusta?


3) Qual o sistema de amostragem utilizado para as previsões?


4) Qual o sistema de análise estatísticas que foi utilizado?


5) Quais os principais fatores para o aumento da produção por regiões?


6) Quais as variações das áreas cultivadas de arábica e de robusta?


7) Quais são as análises por regiões quanto aos fatores que interferem na produção?


Essas são as questões básicas entre outras tantas mas, além disso podemos afirmar que ainda precisamos analisar os fatores fisiológicos e patológicos que interferem diretamente na produção cafeeira como:


A) Regime hídrico: o inverno foi totalmente anormal com chuvas torrenciais, na maioria das regiões cafeeiras, que desequilibrarão as floradas, pois é necessário um período de stress hídrico para homogeneização da florada e, com isso teremos diversas floradas aumentando o potencial patológico pela presença quase constante de flores e o meio favorecerá a disseminação de fungos como Colletrotrichum SPP e Phoma SP que causam mumificações das flores e dos chumbinhos (grãos em formação) e, abortam os mesmos e, com isso poderão ocorrer prejuízos de até 30% na produção;


B) Uma previsão de safra só deverá ocorrer após os chumbinhos estarem vingados, que ocorrerá em dezembro/janeiro, pois, as flores não representam produção exatamente na proporção da florada. Sabemos que o pegamento da florada vai de 50% nas melhores das hipóteses, até zero % nas lavouras esquálidas, isso está diretamente relacionado às próprias reservas das plantas e dos fatores patológicos mencionados.


C) Os chumbinhos (grãos em formação) ficarão praticamente paralisados por oito semanas após a florada e, a partir dessa fase entrarão em expansão que provavelmente encerrará essa fase em janeiro que será a época ideal para uma previsão. Fatores patológicos, a partir das floradas terão 90 dias para interferir e ainda teremos fatores climáticos que poderão derrubar a produção, pois, se faltar água na fase de chumbinho e expansão teremos prejuízos irreversíveis. Os frutos de café na fase inicial possuem uma divisão celular muito complicada com uma lentidão muito acima das demais plantas.


D) Fatores nutricionais: A adubação e calagem inadequada que ocorreram, em numa grande maioria das lavouras cafeeiras irão interferir no vingamento dos chumbinhos.


Portanto, a confirmação da safra está intimamente relacionada a esse conjunto de fatores técnicos agronômicos e, é uma imprudência não respeitar esses princípios e, o desconhecimento e a não respeitabilidade dos fatores fisiológicos e esquecendo-se da biologia mostra charlatanismo e amadorismo. Normalmente os charlatões pensam em derrubar os preços sem critérios e gostaria de lembrá-los: “Biologia não é matemática” Pois, entre o que precisamos, matematicamente falando, temos um conjunto de fatores biológicos que precisam e devem ser respeitados tecnicamente e que derrubam todas as previsões matemáticas e os “chutômetros”.


A SINCAL estará permanentemente vigilante contestando os amadores e charlatões que conspiram contra os cafeicultores.


 

Armando Matielli
Eng. Agrônomo
Cafeicultor
Presidente Executivo da SINCAL

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