Estamos nos aproximando de mais uma colheita de café que deverá ser expressiva em volume, mas, depressiva e vergonhosa economicamente aos cafeicultores. No entanto até o momento não observamos nenhuma sinalização com relação a um planejamento estratégico em prol dos cafeicultores. Todos os elos da cadeia estão na espreita do inicio da colheita, podendo assim, provocar mais uma sangria aos cafeicultores, e uma verdadeira carnificina econômica como vem sendo a tônica dos últimos anos, tudo isso amparado pelo Ministério da Agricultura através de seu secretário Sr. Manoel Vicente Bertoni.
Temos a previsão de safra 2010/2011, de 46 milhões de sacas, realizado pela CONAB, mas não temos os estoques das cooperativas e do mercado. Portanto, não temos praticamente nada, assim, como podemos fazer um planejamento se nem sabemos da nossa disponibilidade? Quais são os reais estoques das cooperativas com relação à quantidade e qualidade? E do comércio em geral? Isso é uma tática dessa gestão da cafeicultura em manter os números e a real situação a sete chaves, pois quanto maior o desconhecimento dos cafeicultores maior o conluio dos demais elos da cadeia. Isso amparado pelo Ministério da Agricultura através do Sr. Bertoni.
O Sr. Bertoni esteve (Des)representando a cafeicultura brasileira no simpósio internacional de café na Guatemala, no mês de fevereiro passado e, teve a desfaçatez de afirmar que a cafeicultura brasileira praticamente não tem dificuldades e que tudo corre dentro da normalidade. Entretanto, ele esqueceu (?) de falar que o cafeicultor está sob uma servidão econômica vendendo seu café abaixo do custo de produção em benefício aos demais elos da cadeia, e que o preço mínimo de R$ 261,69 estabelecido pelo Ministério da Agricultura está abaixo do custo de produção, com vendas predatórias e praticando dumping. Ele também omitiu que o Brasil vem conseguindo bater recordes de exportação com recordes de prejuízos aos cafeicultores. O Sr. Bertoni, omitiu que hoje temos 50% de markte share (Participação de Mercado) na exportação mundial de arábica, e que estamos vendendo praticamente por volta de 40% mais barato que os nossos principais concorrentes, mostrando a total falta de gestão pública e deixando vazar pelo ralo da incompetência bilhões de reais que deveriam irrigar a economia do setor produtivo, o que nos permitiria a deixar as bengalas dos empréstimos do FUNCAFÉ e outros. A SINCAL questiona? – Qual a firma ou qualquer ramo de atividade comercial que detém 50% de participação de mercado, vende seu produto com 40% de desconto? Parece brincadeira, mas na cafeicultura Brasileira isso é verdade. Portanto, é inacreditável, a estupidez, a ignorância e outros demais adjetivos de desqualificação que permeiam a capacidade profissional daquele que hoje comanda a cafeicultura no Ministério da Agricultura, o Sr. Manoel Bertoni.
Com relação ao FUNCAFÉ, o Sr. Bertoni, omitiu que vem servindo para ancoragem de preço e estoques nas cooperativas, e essas, repassam para os exportadores ou exportam diretamente para a ABIC e ABICS. Sendo assim, o FUNCAFÉ está á mercê do comércio de café em detrimento aos produtores, que são os possuidores legítimos do fundo. Inclusive, este fundo (funcafe) vêem criminalmente sendo utilizado como financiandor das indústrias de torrefação e de algumas multinacionais. Estratégia que tira o dinheiro do produtor para financiar corporações multimilionárias na retórica do aumento do consumo interno. Pura balela da ABIC, que empurra “goela abaixo” um café de péssima qualidade ao consumidor brasileiro cuja composição básica no caso do café torrado e moído é: 43% de robusta; 22% de PVA (Preto, Verde e Ardido) que deveria ser descartado como fonte de biodiesel ou orgânico para adubar as próprias lavouras de café; sobrando assim 35% para o arábica. Portanto, estamos bebendo um café que outros países, ajuizados, se indispõe em beber. No próprio PVA cabe uma análise mais criteriosa por parte dos órgãos fiscalizadores da saúde, mas isso é um outro tema.
Além disso, com a proximidade da safra, não vemos nenhum movimento das nossas cooperativas para socorrer os cafeicultores, pois, sabemos que perante uma safra alta os preços tendem a cair mais ainda. Porque as cooperativas não brigam? Será que algumas estão apertadas precisando repor os estoques a preços baratos? Ou estão em conluio com o exportadores e ABIC/ABICS para continuar oferecendo cafés baratos visando markte-share (Participação de Mercado)? Será que algumas tem problema de caixa e precisam continuar pedalando? Não sabemos o real fato, mas a SINCAL está instruindo os cafeicultores a exigir o warrant e os recibos de depósitos dos cafés depositados nas cooperativas, com isso, estas não poderão vender e manipular o café da maneira que bem entender, pois, o desvio do café da forma original é crime, amparados por lei através do warrant e recibo de depósito. Ainda temos as opções de colocar os cafés em Armazéns Gerais e também pegar o warrant e recibo de depósito. Dentro dessa sistemática estaremos descentralizando das cooperativas que, hoje, deveriam nos tratar como mães, mas não passam de amargas madrastas. Como as cooperativas estão trabalhando a sete chaves nas informações, principalmente dos estoques, trazendo-nos dúvidas e aí, passaremos a criticar essas atuais sistemáticas. Queremos transparência e clareza nas ações das nossas cooperativas, inclusive necessitamos que as mesmas passem a brigar realmente pelos cooperados. Além disso, os instrumentos como o PEPRO (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor), instrumento muito importante aos cafeicultores para a melhoria dos preços, foi detonado por algumas de nossas cooperativas. Inclusive existem processos junto ao TCU (Tribunal de Conta da União) com alegação de deturpação do processo do PEPRO, com o não repasse da verba aos cooperados (CRIME!!!). Perdemos um excelente instrumento para a correção dos preços por culpa proposital de algumas cooperativas. Esperamos que as opções de vendas não venham a cair na mesma sistemática, pois, até o momento as opções não estão fluindo convenientemente.
Com relação aos políticos, especialmente os deputados, não vemos nenhuma ação de luta em prol ao setor produtivo. O que estamos vendo é um verdadeiro anacronismo dos nossos deputados, que mais parecem apoiar esse conluio através do CDPC (Conselho Deliberativo de Política Cafeeira) a mais de uma década. Políticos com a mesma conversa eleitoreira e demagoga e, ainda fomos obrigados a conviver com verdadeiro desfiladeiro de notícias de acusações severíssimas contra alguns deputados numa demonstração de conluio com os demais elos da cadeia em detrimento aos cafeicultores. Esperamos uma reação rápida dos nossos deputados antes da entrada da safra para alcançarmos preços condizentes, pois não carregaremos cafés em nosso lombo para bancar campanha de falsas lideranças.
SINCAL – O Cafeicultor é o Principal
Associação Nacional dos Sindicatos Rurais das Regiões Produtoras de Café e Leite.