01/09/2011
Mudanças no Ministério da Agricultura têm início
Por Tarso Veloso | De Brasília | Valor Econômico
O novo ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro (PMDB-RS), começa a mexer na estrutura do ministério. Embora tenha assumido com o discurso de “conversar antes de agir”, as mudanças começaram uma semana após a posse. A principal, por ora, foi a nomeação do ex-secretário de Política Agrícola, José Carlos Vaz, para a Secretaria-Executiva da Pasta. Mendes Ribeiro assumiu o cargo com a promessa de renovação após a saída conturbada de seu antecessor, Wagner Rossi, em meio à investigações de aparelhamento e corrupção.
Respaldado pela bancada do PMDB na Câmara, o ex-deputado mineiro e ex-secretário executivo da Agricultura, Silas Brasileiro, disputava a indicação com José Carlos Vaz, mas seu nome enfrenta resistências no governo. Pouco antes de deixar o cargo, o ex-ministro Rossi havia decidido nomear Silas como secretário de Relações Internacionais do Agronegócio no lugar do servidor de carreira Célio Porto. A crise política no ministério, porém, acabou abortando a mudança. Silas pode ser nomeado diretor do Departamento do Café no lugar de Robério Silva, que deve ser eleito diretor-executivo da Organização Mundial do Café (OIC).
O novo secretário de Política Agrícola ainda não foi definido. O assessor especial do ministro e ex-secretário de Agricultura gaúcho, Caio Rocha, é cotado. Por enquanto, o diretor de Gestão de Risco Rural, Edilson Alcântara, fica como interino.
Embora seja grande a pressão para a saída do atual secretário de Defesa Agropecuária, Francisco Jardim, a cúpula do PMDB exigiu sua permanência. Sua atuação durante o embargo russo às carnes brasileiras, ainda em vigor, é criticado por dirigentes do setor. Nos bastidores, até o vice-presidente Michel Temer tem atuado pela manutenção de Jardim.
Principal alvo de mudanças desde a eclosão dos escândalos, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) deve ser reformulada por determinação da presidente Dilma. A área jurídica já foi trocada, com a nomeação de um novo procurador-geral, Rui Magalhães Piscitelli, servidor da Advocacia-Geral da União (AGU). Novas mudanças devem atingir a cúpula da estatal. O governo avalia realizar um concurso público para contratar procuradores de carreira, tendo em vista que a maior parte dos advogados hoje é de escritórios terceirizados, o que, na avaliação interna, tem prejudicado a companhia nas demandas judiciais.
No papel, o único cargo vago na Conab é a Diretoria Financeira, disponível desde a saída de Oscar Jucá Neto, irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). O ex-diretor foi o pivô das denúncias de corrupção que derrubaram Wagner Rossi do ministério. Atualmente, o diretor administrativo Rogério Abdalla, ligado a Rossi, responde pela área financeira.