Setores de seguro e agrícola medem impacto climático

Por: Folha de Sâo Paulo

10/07/2012 
  
Uma pequena variação climática, que cause prejuízo inferior a 30% na produção de cana, pode acarretar perdas de R$ 1,4 bilhão à arrecadação federal, segundo a FenSeg (Federação Nacional de Seguros Gerais).


O mesmo desvio tem impactos de R$ 1,6 bilhão ao ano no caso da soja, de mais de R$ 700 milhões no milho e de quantidades semelhantes para o cultivo de café.


Os dados fazem parte de um novo estudo que será levado ao governo nesta semana pelo setor, de acordo com o presidente da comissão de seguro rural da entidade, Luiz Roberto Foz.


“Isso é muito maior do que o valor oferecido pelo governo em subvenções por ano. E precisamos também considerar os efeitos sociais não mensurados, como o desemprego”, afirma.


Para 2015, a estimativa da FenSeg é que a subvenção ao seguro rural chegue a R$ 540 milhões.


“Para a safra 2012/2013, que se inicia em julho, estão previstos R$ 400 milhões, sendo R$ 214 milhões liberados até o fim do ano”, informa a entidade.


A subvenção é um subsídio oferecido pelo governo aos agricultores para ajudá-los a bancar o custo do seguro de suas produções.


O recurso é pago diretamente às seguradoras, para cobrir prejuízos causados por danos como incêndios, chuvas excessivas, secas e outros.


O setor pressiona pela elevação do apoio do governo para a expansão da cobertura segurada no país.


INCENTIVO AO AGRONEGÓCIO


A isenção de impostos e a queda da taxa básica de juros têm aumentado a procura de investidores por LCA (Letra de Crédito do Agronegócio).


Em junho passado, o estoque desse tipo de título na Cetip ultrapassou a marca de R$ 20 bilhões.


“É um produto que depende do lastro de crédito rural. Os bancos têm um limite, não podem emitir quando querem”, diz Claudio Amaury, gerente da Cetip.


Devido à restrição, bancos permitem que apenas parte da clientela aplique em LCA.


“Inicialmente era para quem tinha mais de US$ 1 milhão, mas agora baixaremos a taxa”, afirma Rogério Lot, diretor de Private Banking do Banco do Brasil, que chegou a R$ 12 bilhões em operações do título no mês passado.


Para Charles Ferraz, superintendente de Private Banking do Itaú Unibanco, a isenção tributária torna a remuneração do título “bem interessante”. “O governo abre mão de receita tributária para incentivar o setor agrícola.” 

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