05/01/2010 – 17h30min
Agência Estado
O diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz, prevê que o movimento de concentração do setor de torrado e moído deve continuar em 2010, principalmente entre as empresas melhor posicionadas no mercado.
“Podemos esperar continuidade do processo de consolidação do setor, com aquisições entre as empresas”, afirma. Com a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), aguarda-se também uma elevação da renda da população e o consequente aumento do consumo. Por isso, a Abic tem esperança de manter o ritmo de crescimento de 6%, como constatado preliminarmente em 2009, “dentro do cenário de forçada mudança do perfil do negócio, tentando alternativas de lucratividade”. A Abic estima que o Brasil deverá alcançar os Estados Unidos em 2012 como maior consumidor mundial de café, totalizando 21 milhões de sacas.
Por outro lado, a exportação de café torrado e moído, de maior valor agregado, custa a deslanchar. Em 2009, conforme dados da Abic, o resultado em termos de receita foi cerca de 20% inferior ao ano anterior. As indústrias faturaram cerca de US$ 30 milhões, em comparação aos US$ 35,6 milhões de 2008.
Conforme Nathan, a redução é reflexo da crise no principal mercado, os Estados Unidos. “Com a crise, a primeira reação nos Estados Unidos foi a redução da importação e consumo dos estoques.” No fim do primeiro semestre, as vendas se recuperaram, mas não a tempo de reverter o desempenho negativo no ano.
O executivo da Abic salienta que uma nova estratégia foi adotada em 2009, primeiramente no Chile. “A ideia foi inserir a indústria de torrado e moído no canal da alta gastronomia, em vez da rede varejista. O trabalho pode ser considerado bem sucedido.”
Em 2010, a proposta é testar outros mercados, como o Uruguai, numa parceria com a Agência de Promoção de Exportações (Apex). Com essa iniciativa e esperando a retomada de mercados tradicionais, a expectativa é de que o setor volte a apresentar os resultados de 2008.
A Abic considera, ainda, que é fundamental o governo liberar a importação de café, pelo regime de draw back (importação de matéria-prima para reexportação de produto com maior valor agregado). “Isso poderia alavancar a demanda no exterior”, diz Nathan. Essa também é uma antiga reivindicação da indústria de solúvel.
A indústria estima que, para atender a demanda, seria necessária a importação de cerca de 200 mil sacas de 60 kg, o que corresponde a menos de 0,5% da safra média brasileira. De acordo com a Abic, não há risco para o produtor, por causa do baixo volume importado. Nathan afastou, ainda, riscos sanitários, que seriam eliminados pelo trabalho técnico do próprio Ministério da Agricultura. A impossibilidade de se realizar operações de draw back, mesmo que restrito e controlado, “prejudica o resultado da exportação da indústria nacional”, afirma ele.