O ex-deputado Nilton Cezar Servo é acusado de ´chefiar´ a máfia de caça-níqueis
EVANDRO Fadel
CURITIBA – A última declaração de bens do ex-deputado estadual do Paraná Nilton Cezar Servo, acusado de ser um dos chefes da máfia de caça-níqueis, deflagrada pela Operação Xeque-Mate, apresentava um patrimônio de pouco mais de R$ 1,4 milhão. Ela foi entregue ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para as eleições de 2002, à qual concorreu para uma das vagas na Assembléia Legislativa.
De acordo com a página registrada do Imposto de Renda, ele tinha 3.700 sacas de café avaliadas em R$ 629 mil, jóias no valor de R$ 411.316,00, e R$ 388.200,00 em dinheiro. Nessa declaração, Servo apresentou Nova Esperança, no norte do Paraná, como local de domicílio. Filiado ao PDT, Servo não se elegeu.
Em 1998, ele também concorreu sem sucesso a uma vaga no Senado. A declaração, feita em um papel timbrado do PPS, partido ao qual estava filiado, é bem mais extensa, com propriedades em vários Estados e traz como domicílio o município paranaense de Maringá. Em Bonito (MS), tinha a Fazenda Progresso, com 700 hectares, no valor de R$ 450 mil, e outra propriedade rural em Paranã (TO), com 5 mil hectares e valor de R$ 600 mil.
Da declaração faz parte uma propriedade urbana em Nova Esperança (PR), de 6 mil metros quadrados, valendo R$ 300 mil, e outra em Campo Grande (MS), com 2 mil metros quadrados, no valor de R$ 500 mil. Ele declarou ainda possuir 40% das ações das Empresas Agropecuárias Vão do Paraná e Agropata, em Cavalcanti (GO), no valor de R$ 5 milhões. Servo também discriminou a posse de uma Blazer ano 97, de R$ 35 mil, um Palio 98, custando R$ 12 mil, e uma BMW 95, de R$ 60 mil. Ao final, ele cometeu um erro dizendo que o valor total de seus automóveis era de R$ 6.957.000,00. No entanto, esse é o valor total dos bens declarados.
Na primeira declaração entregue ao TRE, feita em um papel ofício, em 1990, quando foi candidato a deputado estadual pelo PTB e assumiu o cargo como primeiro suplente para propor a legalização do jogo do bicho, ele citou apenas três itens. Servo, que morava nessa época em Mandaguaçu (PR), declarou ser dono de 50% de uma propriedade com 1.432 hectares em Chapada dos Guimarães (MT), no valor de Cr$ 10 milhões. Ele também possuía um imóvel em Maringá, no norte do Paraná, à Avenida Brasil, 7773, com 2.030 metros quadrados, avaliado em Cr$ 12,5 milhões, e um automóvel Diplomata, ano 1989, com valor de Cr$ 1,5 milhão.
Esquema
A Operação Xeque-Mate identificou cinco quadrilhas ligadas a importação e exploração de caça-níqueis. A máfia era comandada por três advogados, que controlavam toda a parte operacional do esquema e o pagamento de propinas. Os equipamentos eletrônicos usados nas máquinas chegavam ao Brasil pelo Porto de Santos, eram discriminados como peças de computador e transportados para Mato Grosso do Sul.
Segundo a Polícia Federal, o esquema rendia às ramificações da organização de jogos de azar pelo menos R$ 250 mil por dia. A propina paga a policiais e advogados variava entre R$ 2 mil e R$ 10 mil.
Segundo o coordenador da operação, delegado Alexandre Custódio, foram apreendidas dezenas de carros de luxo e caminhões, além de quantia ainda não calculada de ouro, dólares, reais e caça-níqueis. Um escritório da quadrilha, em Votorantim, no interior de São Paulo, foi fechado.