Orquídeas, quaresmeiras, copaíbas, bromélias e cactos denunciam a origem do cerrado mineiro situado a apenas 100 km de Belo Horizonte. Trata-se da Serra do Cipó, região absolutamente importante para a preservação de espécies raras e em extinção no mundo. Por isso foram criadas as reservas do Parque Nacional da Serra do Cipó (Parna Cipó) e a Área de Proteção (APA) Morro da Pedreira, que dividem águas dos rios São Francisco e rio Doce. Grutas e cavernas guardam inscrições rupestres de tribos primitivas que acreditavam no poder sobrenatural do desenho. O acervo de figuras entalhadas nas rochas de 1,7 bilhões de anos é como um museu natural que remonta aos primeiros habitantes do planeta Terra.
Bandeirantes e tropeiros também deixaram suas marcas ao buscar ouro e metais preciosos pelas mediações, enquanto escravos abriam o que hoje é a trilha que conduz ao topo da cachoeira do Véu da Noiva. Formadas livremente pelo relevo acidentado, as cachoeiras e corredeiras invadem as quebradas onde olhos ligeiros podem mirar sagüis, lontras, jaguatiricas, tamanduás, lobos, veados, entre outros animais selvagens. Práticas como trekking, canyoning, rapel, escaladas, cavalgadas e montain bike são alguns atrativos, além dos banhos refrescantes em algumas das quedas d’água, como a cachoeira da Farofa, cachoeira das Braúnas e aquelas que são propícias para fazer rapel, como as mais violentas Véu da Noiva, Usina e Congonhas, ideal para iniciantes.
A maioria dos passeios é guiada para garantir segurança e tranqüilidade, como por exemplo, o roteiro do Travessão, penhasco estrondoso que divide as bacias do rio Doce e rio São Francisco. O passeio, com duração de um dia, é dividido em 17 km de off-road e 12 de caminhada por afloramentos rochosos com pinturas rupestres, animais selvagens, samambaias de altitude, uma cachoeira, nascentes e vistas monumentais. Outro passeio indispensável é a rota da Capivara, região de campos rupestres onde afloram milhares de espécies de orquídeas e sempre vivas, além de abrigar a maior cachoeira e o maior poço da Serra do Cipó, passeio que também dura um dia inteiro.
Na seqüência, é necessário trilhar para ver a estátua do Juquinha, andarilho que entregava flores a todos que passavam e que hoje faz parte das lendas do Cipó. Num platô que oferece linda vista panorâmica, a construção tem 3 m de altura e está perto das velósias gigantes. Consideradas fósseis vivas, essas plantas chegam até 6 m de altura, sendo que a cada século cresce 1 m. Diversas flores colorem a região.
Depois das longas caminhadas, o melhor é relaxar e se alimentar com qualidade, tomando uma cachacinha mineira sob as estrelas que parecem estar muito mais perto do que em qualquer outro lugar. A gastronomia mineira é famosa, e o destaque fica por conta do feijão tropeiro e o tutu. Os restaurantes com música ao vivo são o Pátio Cipó, Panela de Pedra, Matuto Cipó e Petra’s. Além disso, há diversas festas regionais, como a Festa de Santa Terezinha, Lua Cheia no Terreiro e a Festa das Bruxas. Os municípios guardados pelo parque onde se encontra a maioria das pousadas, restaurantes e serviços são:
Itambé do Mato Dentro, localizada a 121 km de BH, acesso pelas BR-381, MG-434, MG-129, BR-120 – o nome do município, surgido de um povoado do século XVII, deriva do termo indígena ita-aimbe e quer dizer pedra afiada. É conhecido como a terra das águas, montanhas e pedras. Além disso, tem como destaque a Cachoeira do Lúcio, Cachoeira da Vitória e a Cachoeira do Encantado.
Jabuticatubas, localizada, 64 km de BH, acesso pela MG-020 – além de abrigar 80% da área do Parque Nacional da Serra do Cipó, o município conta com outros atrativos naturais de importância, fauna e flora típicas constituídas por espécies endêmicas. A Embratur concedeu à localidade o selo de Município com Potencial Turístico. Na cidade e no distrito de São José da Serra, há várias cachoeiras e quedas-d’água ao longo do rio São José, entre elas, Cachoeira da Serra da Contagem, Lagoa Dourada e o Rio Bom Jardim.
Morro do Pilar, localizado a 151 km de BH, acesso pelas BR-381, MG-434, MG-129, BR-120, LMG, MG-232 – o município está preste a concluir a criação da APA do Picão, com mais de 7mil ha de áreas de proteção aos atrativos naturais da região, em especial às cachoeiras da Lapinha, Cachoeira do Lajeado e Cachoeira do Pica-Pau.
Santana do Riacho, localizada a 129 km de BH, acesso pela MG-010 – a localidade já chegou certa vez a ser suprimida do mapa quando foi incorporada ao território de Morro do Pilar, em 1836, e depois à Jabuticatubas, em 1938. Somente em 1962 foi elevada à categoria de município, com a denominação atual. É região com importantes atrativos naturais, como as cachoeiras da Usina, Cachoeira do Cornélio, lapas, grutas, rios e lagoas. Além dos atrativos que constam na APA Morro das Pedreiras, há vários recursos para o eco-turismo no local.
Atualmente, o IBAMA libera 300 pessoas por dia para visitar o Parque Nacional, sendo que ao entrar se paga R$ 3. É proibido visitar os atrativos sem a companhia de um condutor ambiental, exceto a cachoeira da Farofa e o Cânion das Bandeirinhas – regras de preservação. Para chegar, o principal acesso a partir da capital mineira é a Rodovia MG-10 depois de Lagoa Santa e Almeida. As principais companhias aéreas voam do Brasil inteiro para Belo Horizonte, e de lá saem cerca de 6 ônibus diários para a Serra do Cipó. Para chegar de carro até BH origem São Paulo é necessário pegar a Fernão Dias. Não há época ruim para visitar o Cipó. De dezembro e março, as cachoeiras e rios estão mais cheios; de maio a agosto, a temperatura é ideal.
Entre diversas opções de hospedagem, destacam-se as seguintes pousadas: Canto das Águas, Cipó Veraneio Hotel, Estalagem da Serra, Fazenda Monjolos, Corumbé, Chão da Serra, Fazenda do Engenho, Varandas da Serra, Villa Verde, Recanto da Serra e Rancho do Cipó, pousada Rural. Elas oferecem diárias de casal que variam de R$ 80 a 150, com café da manhã. Mais informações e reservas: (31) 3296-8193/(31) 3718-7000 e www.visiteaserradocipo.com.br.
Revisão e edição: Renata Appel