Serra Café terá curso de classificador de grão e bebida do café.

As preocupações dos produtores rurais vão muito além do plantio. Eles precisam também estar atentos a questões ambientais, climáticas, fitossanitárias, além de econômicas, por exemplo.


24 de  Maio, 2013


As preocupações dos produtores rurais vão muito além do plantio. Eles precisam também estar atentos a questões ambientais, climáticas, fitossanitárias, além de econômicas, por exemplo. No caso dos produtores de café, é necessário conhecer também sobre a classificação do produto. Quanto mais qualidade o café tem, maior será seu preço. O problema é que muitos produtores não sabem os critérios e legislação da degustação do produto e acabam vendendo seus cafés a um preço menor do que realmente valem.


Com o objetivo de transmitir essas informações, o pesquisador do Polo Regional Leste Paulista, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Daniel Gomes, e o provador de café da Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas de Serra Negra e Região (COOCASER) Jose Paulo Rosendo, irão proferir um minicurso e duas palestras no 2º Serra Café


O minicurso “Noções de classificação e qualidade (bebida) do café”, no dia 24, às 8h30, é destinado a técnicos da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) e a cafeicultores.  A palestra “Clínica de degustação de cafés”, em 25 de maio, às 10h e às 16h, tem o objetivo de ensinar os consumidores a história do café, o processo de produção e a reconhecer bebidas de melhor qualidade.


O evento também contará com palestras ministradas pelos pesquisadores do Instituto Agronômico (IAC-APTA), de Campinas, Flávia Bliska, Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA), Celso Luís Vegro, e Polo Regional Leste Paulista, da APTA, Patrícia Turco. As palestras são: “Certificação de café”, “Cenário Mundial da Cafeicultura Perspectivas de Mercado” e “Custo de Produção do Café em Montanha”, respectivamente.


O Polo Regional Leste Paulista da APTA esta localizado em Monte Alegre do Sul, região que abrange a Serra da Mantiqueira. Essa área é ideal para o cultivo de cafés de alta qualidade, pois é uma região de montanha, com altitude de 800 a 1.200 metros, além de estar a 80 km de São Paulo – maior polo consumidor do produto. “A Serra da Mantiqueira tem condições para cultivar os melhores cafés do mundo. O problema é que os produtores não têm uma boa relação de comércio, o que afeta os preços e os desestimulam a produzir com qualidade”, afirma Gomes.


Segundo o pesquisador da APTA, é comum os cafeicultores relatarem frustração com o preço dos cafés e alegarem que seus esforços não são recompensados na comercialização. “É evidente a falta de informação dos produtores a respeito da classificação do café, estando às vezes a mercê da baixa qualidade dos grãos produzidos e da classificação questionável de alguns compradores que tendem a classificar erroneamente o café para lucrar mais com o produto”, afirma.


Gomes afirma que os outros cursos como esse ministrado pela APTA tiveram consequência imediata na percepção de qualidade e na comercialização do produto. “Parte dos produtores relatou não ter noção dos atributos qualitativos do seu café e simplesmente aceitam a classificação realizada pelo comprador, sendo esporádica a consulta de outras opiniões”, afirma. De acordo com o pesquisador da APTA, a classificação e o reconhecimento dos defeitos auxiliam também os produtores a buscar solução para os problemas no manejo.


Para a produção do café de alta qualidade, os cafeicultores devem ter cuidados na produção e na pós-colheita do produto. Entre os principais cuidados estão a utilização de mudas sadias e variedades propícias para a região de plantio, condução, adubação e controle de pragas e doenças na lavoura, colheita seletiva de grãos maduros e bem formados, além de terreiros e secadores proporcionais à área de cultivo. Os grãos devem ser levados no mesmo dia para o terreiro ou secador para evitar a fermentação, deve ser feita a separação de lotes, secagem natural ou artificial adequada e também a armazenagem em local salubre, sem contaminações, odores estranhos e protegidos de insetos e animais.


Segundo Gomes, os custos de produção de café de qualidade na região de Monte Alegre do Sul não são muito superiores aos do café convencional. Isso porque a região é montanhosa e quase não há a possibilidade de realizar a colheita mecanizada. De acordo com o pesquisador, a colheita tem o custo de cerca de 70% da produção do café. “Produzir um café de qualidade é algo extremamente vantajoso, principalmente para os pequenos produtores. Para se ter ideia, a saca de um café comum custa em média R$ 300 reais e a do especial cerca de R$ 520 reais”, afirma. O produtor de café especial pode ganhar cerca de 70% a mais do que o do café comum.


 


Classificação do café


De acordo com o pesquisador da APTA, são três as categorias de classificação do café: tradicional, superior e gourmet. Cada uma delas recebe uma pontuação. A tradicional de 5 a 6, a superior de 6 a 7,3 e a gourmet de 7,3 a 10. “Abaixo disso, o café é considerado impróprio para o consumo, apesar de ainda existir no Brasil o comércio de produtos classificados de 4 a 5”, explica Gomes.


Para a classificação, são levadas em conta a fragrância do pó, o aroma da bebida, o sabor, o sabor residual, os defeitos de sabor, o amargor, a acidez, a adstringência e o corpo da bebida. O órgão responsável pelas regras e leis de qualidade do café é o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).


Os consumidores também poderão participar de um dos cursos para aprenderem a reconhecer um produto de alta qualidade. Segundo Gomes, os consumidores geralmente não identificam o bom café por falta de informação e acesso ao café de qualidade. “Mesmo os consumidores leigos quando confrontam seu café de consumo com cafés especiais, ficam boquiabertos tamanha a diferença entre os produtos e acabam mudando, assim, seus hábitos de consumo, buscando por bebidas melhores”, afirma.


O café consumido no Brasil muitas vezes é considerado de baixa qualidade, pois os melhores produtos são exportados. “Porém, nos últimos anos, o consumo de café do brasileiro vem crescendo muito e a necessidade de bebidas especiais acompanhando essa expansão. Dia a dia o cenário vem se modificando”, diz o pesquisador da APTA.


Gomes dá três dicas para o consumidor comprar café de alta qualidade: procurar por marcas que possuam 100% de café arábica, participantes do selo “Programa de Qualidade do Café” (PQC) da ABIC e evitar os cafés “extra fortes” que possuem uma torra acentuada mascarando o café de qualidade duvidosa. “Preparar somente a quantidade que será consumida e estar atento à quantidade e qualidade do pó são mais algumas dicas”, afirma Gomes.


 


Custo de produção


de café em montanha


Durante o Serra Café, a pesquisadora da APTA, Patrícia Helena Nogueira Turco, vai apresentar a palestra “Custo de Produção do Café de Montanha”. Turco, juntamente com a pesquisadora e diretora do IEA-APTA, Marli Dias Mascarenhas de Oliveira, e os professores da Universidade Estadual Paulista (Unesp Botucatu), Osmar de Carvalho Bueno e Maura S. T. Esperancini, desenvolveram trabalho para comparar o custo de implantação da cultura do café nos sistemas orgânicos e orgânico de montanha.  Segundo o trabalho, os Custos Operacionais Totais (COT) para o sistema orgânico é de R$ 4.024,94 e o de orgânico de montanha R$ 3.830,76. No sistema convencional, o valor chega a R$ 4.501,43, o que significa COT 11% maior do que o orgânico e 15% maior do que o orgânico de montanha.


Segundo a pesquisadora da APTA, o movimento crescente visando reduzir o uso de insumos agrícolas e implementação de sistema de cultivo baseado em procedimentos biológicos renovam o interesse de pesquisadores e agricultores em práticas agrícolas, com adubação verde e rotação de cultura, para a recuperação e manutenção da fertilidade do solo e a redução no consumo. “Isso tem levado produtores a optarem por sistemas de produção que diminuem os impactos causados por produtos derivados de combustíveis fósseis e busquem a utilização de sistemas apropriados, adequando o tipo de terrenos de suas propriedades, além de sua condição de sistemas familiares”, afirma a pesquisadora da APTA.


A área de estudo foi o Sul de Minas Gerais, para o sistema orgânico de montanha, e a região da Alta Mogiana no Estado de São Paulo, para o sistema orgânico. Os dados utilizados, referentes a 2009, foram coletados por meio de aplicação de questionários juntos aos produtores. Os dados do sistema convencional são da Fundação Procafé.


 

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