Série Agronegócio: força do campo paulista começou com o café

 


or  G1 | Para: CBN Foz

 A TV Tem exibe a
partir desta segunda-feira (23) uma série de reportagens no TEM Notícias
sobre a evolução da agricultura na região de cobertura da emissora. A
série vai mostrar, até sexta-feira (27), a influência da tecnologia, a
troca de culturas e os protocolos na colheita da cana-de-açúcar, além da
importância de toda a região no agronegócio do país.  A primeira
reportagem apresenta a força do cultivo do café no interior paulista.  

Desenvolvimento do café começou há décadas atrás (Foto: reprodução/TV Tem)Desenvolvimento do café começou há décadas
atrás (Foto: reprodução/TV Tem)

O estado de SP é o maior produtor de cana-de-açúcar  do país. São 4
milhões e 500 mil toneladas produzidas todos os anos. O estado também
lidera a produção nacional de tomate “in natura”. As lavouras paulistas
respondem pelo terceiro lugar no ranking nacional de produção de café. E
de cada 100 toneladas de milho produzidas no Brasil, dez toneladas saem
das lavouras paulistas.

O estado mais populoso do país é também o campeão nacional no cultivo
de grama. Os números mostram a importância do agronegócio paulista na
economia nacional. Uma história que começou muitos anos atrás.

Início dos plantios
Entre as cidades de São Paulo e 
Rio de Janeiro,
o Vale do Paraíba tinha terra de sobra para o desenvolvimento da
atividade agrícola. As matas foram derrubadas para dar lugar às
lavouras. Logo a cana e principalmente o café, ganhariam destaque na
economia paulista, como explica o historiador João Francisco Tidei de
Lima. “O Brasil vai entrando pelo século 19 como país agrícola,
basicamente agrícola, voltado para exportação. O tráfico foi abolido em
1850, essa abolição do tráfico, onde existe a pressão da Inglaterra ,
inclusive ela vai ativar o desenvolvimento de um tipo de imigração, a
imigração estrangeira”, ressalta.

Bem antes da chegada dos primeiros imigrantes europeus e do fim da
abolição da escravatura, as autoridades perceberam que era preciso
regulamentar a questão agrária. De acordo com os historiadores, a “Lei
de Terras” só foi regulamentada em 1854 e ela dificultava o acesso às
propriedades na medida em que o preço estabelecido pelo governo da época
estava muito acima dos de mercado. Com a necessidade de mais terras
para o plantio de café no estado, o então Sertão Paulista, começa a dar
espaço às lavouras.

Toda manutenção dos cafezais e as colheitas eram feitas a mão (Foto: reprodução/TV Tem)Toda manutenção dos cafezais e as colheitas eram feitas a mão (Foto: reprodução/TV Tem)

Trilhos dos trens e a exportação
Estima-se que o Brasil tenha exportado quase 3 milhões e 400 mil
toneladas de café nas primeiras décadas do século 19. O produto paulista
seguia principalmente para a Europa. E a ferrovia se tornou o principal
meio de transporte para escoar a produção até o porto de Santos.  Na
mesma velocidade em que cresciam os cafezais, surgiam as linhas que iam
cortando o interior. Os fazendeiros buscavam rapidez no escoamento da
produção até o porto.

Os trilhos chegavam antes das fazendas em muitos lugares. Entre 1860 e
1872 as ferrovias paulistas somavam 300 quilômetros. Elas ligavam as
cidades mais antigas do estado como Jundiaí, Sorocaba e Itu. Com o
desenvolvimento do negócio, milhões de imigrantes europeus chegaram para
substituir a mão de obra escrava. A produção, então toda manual exigia o
trabalho de muita gente. Toda manutenção dos cafezais e as colheitas
eram feitas a mão.

Trilhos de trem se desnvolveram junto com a agricultura (Foto: reprodução/TV Tem)Trilhos de trem se desnvolveram junto com a
agricultura (Foto: reprodução/TV Tem)

No século XIX a Europa vivia um período de ebulição e na medida em
que o “velho continente” começava a se industrializar o antigo regime
feudal foi perdendo espaço. Durante séculos os europeus se dividiram
entre nobres que detinham as terras e servos que prestavam serviço aos
senhores e em troca recebiam alimentação e segurança.

Com a ruptura desse sistema e o surgimento de indústrias e uma nova
classe social que é a burguesia, os europeus que não conseguem uma
posição melhor vão cruzar o Atlântico com o sonho de fazer fortuna na
América.

No fim do século 19, os fazendeiros paulistas fizeram fortuna e
passaram ater grande importância política no país. Em abril de 1873, em
Itu, no então casarão da família Almeida Prado, os fazendeiros se
reuniram em uma convenção. Anos mais tarde, ela resultou na proclamação
da república. Na região de Itu eram os engenhos de cana que movimentavam
a economia local até então. Mas, a cidade viveu depois outro importante
ciclo agrícola, como conta a pesquisadora Anicleide Zequini.

“Vem outra agricultura muito forte em 1860 que é o algodão. Esse
algodão vai proporcionar também um enriquecimento muito grande da região
e de pessoas da cidade também e, além disso, ele vai proporcionar as
presenças das fábricas de tecidos. Então, por exemplo, em Itu você vai
ter a primeira fábrica da província de São Paulo que é tocada a vapor,
que é a fábrica São Luís”, explica.

A fortuna do agronegócio influenciou até a arquitetura das cidades.
Bocaina, no Centro-Oeste Paulista, ainda preserva os casarões
construídos quando o café era a moeda forte. O produto era tão
importante que ele ainda decora os portões do local onde funcionava o
“Banco Melhoramentos do Jahu” instituição financeira que surgiu com a
finalidade de fazer as transições monetária resultantes das safras.

Em Bauru, a fazenda Val de Palmas foi considerada uma das maiores
produtoras de café do Brasil. A propriedade era tão importante, que
contava com uma estação de trem na área. Os produtores agrícolas
começaram a dominar o cenário nacional. O ituano, Prudente de Morais,
foi eleito o terceiro presidente do Brasil e o primeiro que era civil.
Os fazendeiros paulistas se mantiveram no poder até 1930, quando Getúlio
Vargas assume a presidência , depois de derrubar o presidente
Washington Luís. O país que até então dependia unicamente da
agricultura, entra nos anos 30, na era industrial.

Cafeicultura influenciou na arquitetura das cidades como Bocaina (Foto: reprodução/TV Tem)Cafeicultura influenciou na arquitetura das cidades como Bocaina (Foto: reprodução/TV Tem)

Modernização e falta de mão de obra
Hoje o agronegócio paulista mudou. Ele, se modernizou, avançou  e
cresceu. De todas as riquezas produzidas no Brasil, os economistas
estimam que um terço esteja no campo. “Ele representa cerca de 27% de
tudo que se produz neste país. O Brasil acabou investindo muito em
tecnologia neste setor é vanguarda, podemos inclusive podemos dizer que
temos dois mundos no agronegócio. Da economia familiar que é essa de
subsistência em pequenas comunidades, e essa do agronegócio que já tem
GPS, que já tem mapeamento. E é grande geradora de emprego também “,
afirma o economista Reinaldo Cafeo.

Hoje a modernização mudou o cenário do agronegócio (Foto: reprodução/TV Tem)Hoje a modernização mudou o cenário do
agronegócio (Foto: reprodução/TV Tem)

Os antigos cafezais paulistas deram lugar a imensas áreas de cana por
isso São Paulo hoje é o maior produtor de açúcar e etanol do país.
Muitas das usinas que hoje trabalham a todo vapor, surgiram na última
década e a agricultura ganhou outro aspecto. Mas manter a população no
campo ainda é um desafio. Hoje só 15% dos brasileiros vivem na zona
rural e muitos saíram em busca de melhores condições na área urbana e
abandonaram a vida rural.

“O serviço na área rural além de ser difícil, você está no sol, você
está na poeira, o ganho é pequeno, ele acaba migrando para cidade em
busca de outro emprego. Então falta mão de obra no campo, e vem de
outros lugares, do nordeste do norte do país, nós temos um excedente de
mão de obra lá, porque lá as oportunidades são menores”, destaca Braz
Albertini, presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do
Estado de São Paulo.

Hoje só 15% dos brasileiros vivem na zona rural e muitos saíram em busca de melhores condições (Foto: reprodução/TV Tem)

Hoje só 15% dos brasileiros ainda vivem na zona rural (Foto: reprodução/TV Tem)


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