Brasília – O ano ainda não começou no Congresso Nacional, que só volta a funcionar no início de fevereiro, mas o Senado não descuidou da alimentação dos parlamentares durante as votações. No último dia de 2013, a Casa assinou um contrato para que uma empresa forneça nos próximos quatro meses 20 gêneros alimentícios aos senadores em uma copa que funciona ao lado do plenário. A expectativa é gastar no período R$ 47,6 mil com os itens, quase R$ 12 mil por mês.
O edital anterior, revogado em junho, previa um gasto 62% maior, de R$ 32,1 mil mensais. O contrato antigo foi revogado em junho pela diretoria-geral após matérias na imprensa apontarem o gasto. Na época, a própria diretoria alegou que o certame era “inviável em termos orçamentários”. O novo edital cortou nove dos 29 itens, entre outros, suco de goiaba e de acerola, queijo tipo lanche, chá sabores mate com limão e boldo, adoçante (tamanhos pequeno e médio), achocolatado e café solúvel.
Mas os parlamentares ainda terão a seu dispor, além da água e do tradicional cafezinho, objetos de outros contratos, 1.680 pacotes de biscoito de dois tipos, 3.340 caixinhas de quatro tipos de chás, 2.500 caixinhas de cinco tipos de suco, cerca de 1 mil litros de leite integral e leite em pó, 670 pacotes de pão de forma, outros 670 de torrada “levemente salgada”, 400 quilos de presunto magro, 340 unidades de manteiga, 600 quilos queijo muçarela e 500 unidades de requeijão cremoso.
Pela licitação, a empresa tem 24 horas para fornecer as quantidades requeridas pela administração Senado. Na justificativa constante do edital, a Casa defende a compra dos alimentos: “Trata a presente aquisição de gêneros alimentícios, para uso diário, comprometido com o bom desempenho das atividades do plenário do Senado Federal”.
GARÇONS O cafezinho funciona todos os dias, sempre durante as sessões, deliberativas ou não. Pelo espaço, cheio de poltronas e mesas redondas, circulam senadores, assessores, jornalistas e convidados, todos servidos por garçons.
Outras reportagens publicadas no ano passado revelaram que garçons do Senado ganhavam até 20 vezes o piso da categoria em Brasília. Sete deles recebiam entre R$ 7,3 mil e R$ 14,6 mil e todos teriam sido nomeados por atos secretos editados em 2001 pela diretoria-geral da Casa. Logo em seguida, o Senado divulgou nota em que negou a existência dos atos secretos, ressaltando que todos os atos de nomeação estão “devidamente regularizados e publicados”.