Os preços do café subiram nas bolsas de futuros internacionais no balanço do mês de março. Tanto para o robusta na Bolsa de Londres quanto para o arábica em Nova York, o período foi de significativos avanços nas cotações diante, especialmente, da flutuaçã
Porto Alegre, 1 de abril de 2016 – Os preços do café subiram nas bolsas de futuros internacionais no balanço do mês de março. Tanto para o robusta na Bolsa de Londres quanto para o arábica em Nova York, o período foi de significativos avanços nas cotações diante, especialmente, da flutuação do dólar contra o real e contra outras moedas.
Como destacou o analista de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, houve maior influência do câmbio e de fatores macroeconômicos, exógenos, e técnicos ao longo do mês do que dos fundamentos. Houve sim sustentação nos mercados com a apreensão com a produção de conilon no Espírito Santo, em meio aos reflexos da falta de chuvas.
Mas, de modo geral, o mercado tem a ideia de uma boa safra brasileira neste ano, com chuvas boas para a maior parte das regiões. Além disso, há um bom fluxo nas exportações globais, com destaque para o Brasil e Vietnã, observa Barabach.
O fator cambial foi decisivo para o avanço nos preços em Nova York e também em Londres. O dólar caiu bastante em março contra o real (10,2%), recuando no comercial de R$ 4,004 ao fim de fevereiro para R$ 3,597 nesta quinta-feira (31/03).
A queda da moeda americana contra o real representa um sentimento altista para os preços futuros nas bolsas na medida em que tira poder competitivo das exportações brasileiras. Mas o dólar também se enfraqueceu contra outras moedas em muitos momentos, o que, da mesma forma, é positivo para os preços nas bolsas.
Os fundos andavam mais vendidos nas commodities agrícolas em bolsas de futuros contando que o FED (Banco Central norte-americano) elevasse juros nos EUA. Mas, o FED adotou uma postura mais conservadora, sinalizando manutenção nos juros. O que se viu foi uma atitude mais compradora dos fundos após isso, o que ocorreu claramente no café arábica em Nova York.
No balanço mensal em NY, o contrato maio fechou esta quinta-feira (31 de março) a 127,45 centavos de dólar por libra-peso, o que significa uma valorização de 10,8% no comparativo com o fechamento de fevereiro, quando este mesmo contrato fechara a 115,05 centavos. Em Londres, o contrato maio subiu 6,2% no mesmo comparativo.
Já no mercado físico brasileiro, março foi de poucos negócios, com cautela do lado vendedor e comprador. No lado vendedor, os produtores detêm pouco da safra remanescente de 2015 a vender, e vão esperar preços muito melhores para negociar o que resta da produção passada. E do lado comprador, os agentes agora esperam a entrada da safra nova nos próximos meses, quando podem encontrar uma melhor condição para suas aquisições.
Quanto a preços no mercado interno, houve maior equilíbrio. Enquanto as bolsas de futuros sinalizaram para cima, o dólar caiu, neutralizando os avanços das cotações em Nova York e em Londres. No sul de Minas Gerais, o café arábica bebida boa fechou março a R$ 510,00 a saca, preço pouco melhor apenas que no fechamento de fevereiro (R$ 505,00 a saca). No conilon, ocorreu cenário semelhante. Em Vitória/ES, março fechou com o tipo 7 cotado a R$ 370,00 a saca, praticamente o mesmo que no fim de fevereiro, quando o mercado estava a R$ 368,00.