BALANÇO SEMANAL — 03 a 06/09/2012
– Semana mais curta é marcada por reuniões do CNC e da “força tarefa” da Associação 4C. O mercado andou de lado, com poucos negócios sendo realizados.
REUNIÃO CNC — Nesta semana mais curta em função dos feriados da Independência no Brasil (7 de setembro) e do Dia do Trabalho nos EUA (3 de setembro), o Conselho Nacional do Café destaca os principais pontos abordados em sua reunião ordinária realizada na última sexta-feira (31/08), em Ribeirão Preto (SP). Entre os destaques do encontro, citamos:
— Por unanimidade, os conselheiros diretores do CNC decidiram apoiar o convite que o Governo de Minas Gerais entregará à Organização Internacional do Café, entre 25 e 28 de setembro, na próxima rodada de reuniões da entidade, em Londres, para que o Estado seja a sede das comemorações do cinquentenário da OIC;
— Os conselheiros também aprovaram a emissão de um expediente do CNC para o governador de Minas, Antonio Anastasia, no sentido de solicitar urgência para a implantação do georreferenciamento no Estado, uma vez que se faz necessário termos conhecimento sobre o tamanho, a capacidade, a idade, o espaçamento e a necessidade de renovação de nosso parque cafeeiro;
— Foi aprovado o encaminhamento de um ofício ao ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mendes Ribeiro, o qual proponha discussões para se implementar um programa de Opções Públicas para o café, por intermédio de recursos disponibilizados pelas Operações Oficiais de Crédito (2OC);
— Ficou definida a indicação do presidente executivo do CNC, Silas Brasileiro, como representante do setor na Comissão Técnica da Produção Integrada do Café no Governo;
— Um ponto de destaque também foi a apresentação elaborada pelo doutor Daniel Amim Ferraz, da AFC Advogados Associados, sobre um acordo de cooperação entre as cooperativas;
— E, por fim, o setor produtor consolidou seu posicionamento a respeito das discussões referentes ao Código Comum da Comunidade Cafeeira (4C) — saiba mais sobre o assunto abaixo —, que terá reunião ordinária nos dias 25 e 26 de setembro, em Genebra (SUI), para a qual o CNC enviará seu representante, haja vista que o presidente executivo estará na rodada de reuniões da OIC, em Londres, na mesma data.
GRUPO DE TRABALHO 4C — A Associação 4C, que tem por fim a melhoria contínua dos processos de produção de café no mundo visando à sustentabilidade, convidou as entidades brasileiras que representam produção, indústria e comércio a participarem de uma “Força Tarefa” para propor sugestões que possibilitem o aumento da oferta de café com certificação 4C, devido à sinalização dada pelas grandes indústrias internacionais de comprar, até o ano 2015, 25 milhões de sacas no mundo com esta certificação.
O Conselho Nacional do Café integra o grupo e, após três reuniões realizadas na cidade de São Paulo (SP) – a última ocorrida na terça-feira (04/09), as propostas do CNC prevaleceram no sentido de não se levar nenhuma sugestão para a Associação em nome desta força tarefa que não fosse consensual entre os representantes. Dessa forma, o posicionamento do comércio exportador e das indústrias, que incluíam a permissão para que os compradores adquirissem cafés certificados por uma Unidade 4C diretamente do parceiro de negócio dela, sem a participação da Unidade, foram descartadas.
Os pontos que foram consensuais e que estarão presentes no documento dizem respeito ao incentivo a criação de novas Unidades 4C e à procura por assegurar a credibilidade do sistema, através de mecanismos que evitem a duplicidade dos cafés certificados a serem comercializados. Também deverá constar no documento a sugestão de estreitar o relacionamento com outros padrões nacionais, como, por exemplo, o Certifica Minas. A ideia é, no futuro, aceitar como cafés 4C aqueles que contem certificações como esta do governo mineiro.
As propostas supracitadas serão apresentadas na próxima reunião da Associação 4C, nos dias 25 e 26 de setembro, em Genebra (SUI), que contará com a participação do Conselho Nacional do Café.
MERCADO — Em uma semana mais curta devido aos feriados da Independência no Brasil (7 de setembro) e do Dia do Trabalho nos EUA (3 de setembro), período em que o dólar norte-americano voltou a apresentar força frente a outras moedas, o mercado internacional do café recuou em função dessa pressão do câmbio. Contudo, vale destacar que os preços permaneceram praticamente inalterados no físico brasileiro.
De acordo com projeções do diretor geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Guilherme Braga, em entrevista concedida esta semana ao Valor Econômico, os embarques totais em 2012 (grão verde e industrializado) devem somar entre 28,5 milhões e 30 milhões de sacas ante a expectativa inicial de 31 milhões. Se concretizados, os números representarão queda de 14,9% a 10,5%, respectivamente, na comparação com as 33,5 milhões de sacas exportadas no ano passado.
Os embarques do primeiro semestre recuaram em virtude da oferta menor do grão colhido no ciclo 2011/12, de baixa em relação ao anterior. O Cecafé considera que, diante do resultado fraco na primeira metade do ano, o país precisaria embarcar, neste segundo semestre, pelo menos um volume semelhante ao mesmo intervalo de 2011 — 18 milhões de sacas —,o que equivaleria a 3 milhões de sacas por mês. O CNC acredita que a recuperação nos volumes embarcados é possível, desde que as cotações do café apresentem reação. Por outro lado, se os preços permanecerem no patamar atual, projetamos que o volume de vendas continuará lento.
As exportações brasileiras de café em julho exemplificam esse pensamento, pois somaram 2,077 milhões de sacas. “Em agosto, nos últimos dias, os embarques cresceram, e podem ser próximos de 2,4 milhões de sacas”, completa o diretor geral do CeCafé.
Já Thiago Cazarini, proprietário da corretora Cazarini, também em entrevista concedida nesta semana, pondera que o volume de negócios nos mercados interno e externo recuou de 30% a 40% em relação ao mesmo intervalo do ano passado. Ele avalia que o mercado terá de resolver este impasse: ou o produtor vende a um valor que não considera interessante ou o torrefador vai ter de postergar compras, pagando mais alto por uma origem que sempre era mais barata.
VIETNÃ — Um fator que pode chamar atenção no mercado é o virtual atraso de um mês na colheita do café robusta do Vietnã. Por causa das chuvas, estima-se que os trabalhos sejam iniciados apenas em novembro, o que deve reduzir as exportações e, com menor volume do produto disponível no mercado, os preços tendem a subir na Bolsa de Londres. Além disso, o país asiático prevê uma quebra de até 15% na produção do ano safra 2012/13, pois as chuvas fortes fizeram com que as flores caíssem e os grãos não se formassem em alguns pés. Agregada a isso está a situação das lavouras vietnamitas, pois 35% delas são consideradas antigas e, por isso, produzem menos.
Analisando esse contexto, o Conselho Nacional do Café recomenda, neste momento, que os produtores brasileiros concentrem seus esforços na conclusão dos trabalhos de colheita antes da entrada de novas chuvas, retornando à comercialização de sua safra a partir do último trimestre do ano, quando deveremos ter um mercado mais ativo e com melhores preços.
Atenciosamente,
Silas Brasileiro
Presidente Executivo do CNC