fonte: Cepea

Semana Euclidiana participa do Prêmio Cultura Viva

Por: 17/07/2007 14:07:06 - Gazeta do Rio Pardo












História do café
Gazeta

Movimento cultural prestes a consolidar 95 anos de existência ininterrupta, a Semana Euclidiana de São José do Rio Pardo está concorrendo ao Prêmio Cultura Viva, promovido pelo Ministério da Cultura. O prêmio, que está na sua segunda edição, foi instituído com o objetivo de favorecer o conhecimento, o mapeamento e a divulgação da diversidade cultural do país.
Segundo Ana Lucia Dias de Souza Sernaglia, secretária municipal de Turismo e diretora da Casa de Cultura Euclides da Cunha, a participação no concurso é também uma forma de difundir, para o próprio Ministério, as ações deste importante movimento cultural rio-pardense que é a Semana Euclidiana.
“São tantas e, distintamente diferenciadas, que mesmo o Ministério da Cultura desconhece todas as manifestações ou tradições culturais, folclóricas e populares do país”, avalia.
Conforme explica o Ministério da Cultura, esta edição do Prêmio Cultura Viva é dirigida a práticas culturais e educativas que envolvam o campo das artes, do patrimônio e da comunicação cultural, desenvolvidas para a comunidade e/ou com a participação da comunidade. É, portanto, o caso da Semana Euclidiana, promovida pelo Grêmio Euclides da Cunha, Casa de Cultura e apoio da Prefeitura, Secretaria de Estado da Cultura e patrocinadores.
O Ministério da Cultura vai premiar 18 (dezoito) iniciativas inscritas, sendo três em cada categoria, que além de troféu receberão prêmios em dinheiro: R$ 30 mil, R$ 20 mil e R$ 10 mil respectivamente para primeiro, segundo e terceiro colocado. Haverá ainda a concessão do “Selo Prêmio Cultura Viva” às 120 iniciativas melhor avaliadas.
COMO NASCEU A
TRADIÇÃO EUCLIDIANA
A Semana Euclidiana celebra a vida e obra do escritor Euclides da Cunha, que residiu em São José do Rio Pardo de 1898 a 1901, período no qual, na condição de engenheiro civil da Superintendência de Obras Públicas do Estado de São Paulo, foi o responsável técnico pela reconstrução da ponte metálica que interligava as duas margens do rio Pardo, e que se constituía em importante instrumento para a economia cafeeira da época. A ponte havia tombado em janeiro de 1898, por conta de uma enchente.
Havia pouco, Euclides participara da Guerra de Canudos como correspondente do jornal O Estado de São Paulo e, enquanto cuidava da reconstrução da ponte, escrevia também parte do seu livro, Os Sertões, considerado uma das grandes obras da literatura mundial.
Euclides foi assassinado em 15 de agosto de 1909, em Piedade, no Rio de Janeiro. Três anos depois, em 1912, a partir da iniciativa de um grupo de amigos do engenheiro e escritor, teve início a Semana Euclidiana.
A casa onde ele morou foi transformada em museu, em 1936, para abrigar livros, fotos e demais documentos que fazem parte da história narrada em “Os Sertões”, e também para manter viva a memória do escritor, através do Movimento Euclidiano.
A ponte metálica, que teve papel de destaque na vida econômica do município naquele período, sobretudo por facilitar o transporte do café, completou 106 anos de sua reconstrução (18 de maio de 1901) e é tida como um dos principais símbolos da cidade.
A cabana de zinco, que serviu de escritório enquanto o engenheiro reconstruía a ponte, existe até hoje. É protegida desde 1928 por uma redoma de vidro, e tornou-se monumento histórico nacional em 1937.
Estes monumentos se encontram no chamado Recanto Euclidiano, praça às margens do rio Pardo e que abriga também o mausoléu com os restos mortais de Euclides.
Durante a Semana Euclidiana, professores, estudantes e intelectuais participam do Ciclo de Estudos, encontro no qual são discutidas as particularidades da obra euclidiana e sua relação com a atualidade. O Ciclo de Estudos reúne pelo menos 500 estudantes, além de dezenas de professores em palestras, seminários e oficinas literárias, atividades que compõem a “Maratona Euclidiana”.
É também na Semana Euclidiana que a cidade relembra o Episódio Republicano, evento que marcou a história da cidade. Na noite de 11 de agosto de 1889, um grupo liderado por Ananias Barbosa e Francisco Glicério fomentou na cidade o clamor pelo regime republicano, movimento que auto-declarou São José do Rio Pardo como “Cidade Livre do Rio Pardo”, mas acabou reprimido por tropas oficiais. Os rio-pardenses, porém, três meses e três dias depois daquele ato, viram tornar realidade o anseio republicano, com a implantação federal da república no Brasil.
Por isso, o “Episódio Republicano” é rememorado todos os anos na noite de 11 de agosto na janela histórica do Hotel Brasil, com a presença de autoridades, estudantes e populares.
Evento Cultural contará com maratonistas de diferentes estados
A 95ª Semana Euclidiana contará com a participação de maratonistas de diferentes estados. Além de São Paulo e Minas Gerais, haverá estudantes da Bahia, Paraíba e Rio de Janeiro. Escolas de aproximadamente 20 municípios, além de São José do Rio Pardo, se inscreveram para a maratona intelectual rio-pardense, totalizando cerca de 300 inscrições — o número maior de participantes é da área II (Ensino Médio), com 150 estudantes.
Entre os municípios já representados na Semana Euclidiana 2007 estão: Araraquara (SP), Barueri (SP), Bastos (SP), Brejo Alegre (SP), Campo Limpo Paulista (SP), Cantagalo (RJ), Caxambu (MG), Divinolândia (SP), Dobrada (SP), Espírito Santo do Pinhal (SP), Jaboticabal (SP), João Pessoa (PB), Leme (SP), Mococa (SP), Monte Alto (SP), Salvador (BA) e Votorantim (SP).
As inscrições vão até o dia 15 de julho. As fichas podem ser enviadas à Casa Euclidiana, à rua Marechal Floriano, 105, Centro, CEP 13720-000, São José do Rio Pardo (SP). Mais informações no site www.casaeuclidiana.org.br. De 9 a 15 de agosto haverá palestras, oficinas, apresentação de pesquisas de pós-graduação e conferências voltadas para a vida e a obra de Euclides da Cunha.



“A paz é dourada” será exibido na SE 
A programação cultural da 95ª Semana Euclidiana contará com a exibição do documentário “A paz é dourada”, de Noilton Nunes, na noite do dia 9 de agosto. O longa-metragem de aproximadamente uma hora e 25 minutos foi concluído este ano.
O filme retrata a viagem do escritor Euclides da Cunha à Amazônia em 1904, a convite do então ministro das Relações Exteriores Barão do Rio Branco, com o objetivo de evitar uma guerra entre Brasil e Peru. O vídeo foi produzido pela Imagine Filmes, contando com a antropóloga Regina Abreu na produção executiva.
O roteirista Noilton Nunes, selecionado e premiado em festivais de cinema do Brasil e do exterior, nasceu em Campos dos Goytacazes, em 1947. É também fotógrafo, montador e diretor de mais de 30 curtas-metragem e documentários. Esteve na produção dos longas Ladrões de Cinema, de Fernando Campos, e Na Boca do Mundo, de Antonio Pitanga. Noilton foi presidente da Associação Brasileira de Documentaristas e criador dos projetos O Cineasta do Mês e Que filme é esse?, além de ser professor de cinema.



Filme retrata a viagem de Euclides à Amazônia em 1904, para evitar uma guerra entre Brasil e Peru

Regina Abreu coordenará o seminário
A antropóloga e escritora Regina Abreu, convidada pela Casa de Cultura Euclides da Cunha, será a coordenadora do seminário oficial de abertura da 95ª Semana Euclidiana de São José do Rio Pardo, no dia 9 de agosto. Ela dividirá a mesa com alguns membros do Conselho Euclidiano, tais como Márcio José Lauria, Cármen Trovatto Maschietto, Maria Olívia Arruda, Rodolpho José Del Guerra entre outros ainda não confirmados.
O seminário oficial, que está na programação da Semana Euclidiana desde 2005, colocará em debate o tema “Contrastes e Confrontos no Brasil”, cujo objetivo é discutir os atuais problemas brasileiros ao mesmo tempo em que se comemora o centenário do livro Contrastes e Confrontos, de Euclides da Cunha.
A coordenadora do seminário, Regina Abreu, doutorou-se em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1997. Desde 1986, integra o Ministério da Cultura. Já desenvolveu pesquisas no Museu Histórico Nacional, no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e no Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular da Funarte. É autora de artigos, ensaios e dos livros A Fabricação do Imortal (1996) e O Enigma de Os Sertões (1998).

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