SAFRAS (20) – Os preços internacionais do café devem manter-se equilibrados, próximos dos níveis atuais, até a entrada da nova safra brasileira em 2010. É no que acredita o diretor executivo da Organização Internacional do Café (OIC), Nestor Osorio, que concedeu entrevista durante o 17o Encontro Nacional da Indústria do Café (Encafé), que se realiza de 18 a 22 de novembro na Praia de Guarajuba, município de Camaçari, próximo a Salvador, na Bahia.
Para Osorio, os fundamentos do mercado estão bem equilibrados, com estoques justos. Mesmo que o Brasil tenha uma grande safra em 2010, se ela não for exorbitante, extrapolando 55 a 60 milhões de sacas, o mercado deverá se manter com preços próximos aos atuais, entre 125 a 140 centavos de dólar por libra-peso na Bolsa de Mercadorias de Nova York.
O diretor da OIC lembrou da influência que a safra futura brasileira terá sobre o mercado. Além disso, se espera uma recuperação moderada da safra colombiana, de 8,7 para pelo menos 10 milhões de sacas. Se algum problema acontecer com estes países, aí o mercado poderá ter elevação nos preços. “Uma safra de 50 milhões de sacas para o Brasil ano que vem seria facilmente absorvida pelo mercado”, lembrando que o país fechou 2008/09 com embarques de
31,5 milhões de sacas e o consumo interno supera já 18 milhões de sacas, o que já quase chega no total de 50 milhões de sacas. “Dependemos do clima para não haver aperto demais na oferta”, indicou Osorio. E advertiu que o mercado está atento aos problemas com o clima no Brasil, que podem afetar a safra de 2010.
Com a escassez de oferta de cafés lavados da Colômbia e América Central na temporada 2008/09, Osorio citou em sua palestra no Encafé nesta quinta-feira que os diferenciais na exportação de cafés colombianos foram impressionantes, com os grãos do país superando os US$ 2,00 por libra-peso. E os cafés do Brasil também estão mais valorizados, alcançando segundo a OIC em outubro US$ 1,24 a libra.
Em sua palestra, Osorio destacou que o café foi das commodities que passou melhor pela crise. Houve escassez de crédito para produtores e exportadores, havia temores e dúvidas sobre o impacto no consumo, mas por enquanto tudo corre normalmente, com a indústria brasileira e pelo mundo mostrando-se sólida para enfrentar a crise e incrementar o consumo. “O Brasil tem melhorado a qualidade e inovado em seus produtos e assim continua aumentando o consumo”, disse, ressaltando que em países produtores o crescimento do consumo se inspira no trabalho da ABIC (Associação Brasileira da Indústria do Café).
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